TROP TOT TROP TARD
Quinze para as três da tarde e lá vou eu como um louco correndo rápido pelas ruas do Centro do Rio. O coração bate rápido, quero andar mais rápido, não quero chegar em cima da hora. Tudo isso por uma sessão de cinema. Mas não é um filme qualquer. É TROP TOT TROP TARD, do Straub. Eu já tinha visto o filme antes, mas não importa. Era numa cópia tosca baixada na internet, e agora iria ser em película. Eu queria chegar cedo para ver com calma o plano inicial do filme, uma delirante câmera que faz vários 360 graus dentro de um carro, ao longo de uma praça. Queria fazer uma dessas na Praça Portugal, em Fortaleza. O coração continua batendo mais rápido. Da mesma forma que quando eu tinha 18 anos e ia ver uma sessão do Antonioni, Bergman, Ozu ou outros diretores. Era igual a antes, mas era diferente. Era diferente porque era o Straub. E era diferente por ser igual mesmo hoje, quinze anos depois.
O que é possível dizer desse filme, o que é possível dizer do cinema de Straub-Huillet tendo visto os filmes uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Que é um mistério. Que são filmes sobre o movimento. Sobre a liberdade. Sobre o movimento e a liberdade. São filmes dialéticos sobre a liberdade e a repressão, sobre o movimento e a paralisia, sobre o improviso e a precisão. São filmes sobre o cinema e sobre o mundo.”Saber filmar a revolução também é saber filmar o som do vento que balança a copa das árvores”.
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