Há algo muito bonito na anticlimática cena da batalha final de LANCELOT DU LAC, de Robert Bresson. Fiel ao seu estilo elíptico, em especial em seus últimos filmes, não vemos o esperado confronto sanguinário da batalha final, mas a floresta vazia. Do alto das árvores, os soldados soltam flechas que acertam os pés das árvores. Esse plano fechado das flechas atingindo as árvores, repetido várias vezes, de ângulos um pouco diferentes, é um dos mais bonitos e sugestivos desse filme de Bresson. As árvores fornecem madeira para fabricar as flechas que vêm a atingi-las em seu próprio tronco. Mesmo por trás de suas armaduras, de suas flechas e brasões, o antigo guerreiro parece frágil, encurralado diante de seu individualismo, longe do cálice sagrado. Nessas lacunas, é possível ver claramente o cinema político de Robert Bresson.

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