RUHR

Ruhr
de James Benning
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Para saber o que está em jogo nesta grande obra-prima chamada RUHR é preciso compreender a trajetória desse grande cineasta que é James Benning. É preciso entender que desta vez Benning empreendeu duas grandes mudanças no seu rigoroso e minimalista modo de filmar (alguns chamariam ‘dispositivo’, mas ando implicando com esta palavra). Em Ruhr, Benning abandona a película e faz seu primeiro filme em digital. Além disso, JB aponta sua câmera para fora dos Estados Unidos. Essa mudança, por um lado, leva o cinema de Benning para outros caminhos, mas ao mesmo tempo o cineasta se mantém extremamente fiel aos seus princípios cinematográficos: é só pensarmos que se uma mudança de um centímetro representa a mudança de um mundo para um cineasta como Benning, imagine as duas grandes mudanças citadas... Ruhr é uma grande obra-prima, uma enorme reflexão sobre o que uma imagem pode e especialmente o que uma imagem não pode. Olhar poderoso, profundo, sobre os rumos do documentário no nosso tempo, sobre o uso do digital, sobre uma política do olhar, sobre uma forma de ver o mundo, sobre um papel (uma posição) de uma câmera em mostrar um mundo. Para quem vê RUHR como um filme formalista, exercício frio e sem vida, é só lembrar que o vale do Ruhr – (novamente) primeiro lugar que a câmera de Benning aponta para fora dos Estados Unidos – é simplesmente o lugar de nascimento de seus pais. O plano final – extraordinário plano de quase uma hora de duração – é uma espécie de “contraplano” do plano final de Tombée de nuit sur Shanghai, o episódio de Chantal Akerman em O Estado do Mundo (ver). Saber observar na matéria das coisas o ‘descascar’ do tempo. RUHR GRANDE OBRA-PRIMA!!!!

Comentários

Rudá Lemos disse…
Sabes que nesse último plano a cor do anoitecer foi fabricada digitalmente? Altera alguma coisa saber disso?
Cinecasulófilo disse…
Rudá,
desculpe a demora da resposta. Achei isso genial. O Benning fala com detalhes sobre as mudanças com o digital aqui nesse link http://theeveningclass.blogspot.com/2010/03/darkest-americana-elsewhere-ruhr-few.html .
Acho muito interessante o JB abrir mão da película para ir para o digital. Acho que esse movimento tem tudo a ver com o seu cinema. Assumir o processo de fabricação como uma forma mais adequada de se aproximar da sensação do "real" - o cinema é isso. abraço.

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