Ave Candeias (III): A Freira e a Tortura
A Freira e a Tortura
de Ozualdo Candeias
CC sab 05 16:30
0
De um lado parece nítido que A Freira e a Tortura é um projeto fracassado de Candeias. Vendo-o, me passou a certeza de que a grande habilidade de Candeias é filmar em locação, pois sua incorporação do espaço físico como força de dramaturgia é o centro do seu cinema. Filmes de câmara, com poucos atores, filmados em estúdio, baseados em diálogos, definitivamente não são o forte do diretor.
Por outro lado, há alguns elementos interessantes pensando na filmografia de Candeias como um todo. Um início interessante, em que Candeias tenta construir a narrativa toda em zooms. São zooms estranhos na parte do convento, porque não têm uma função propriamente narrativa.
Os tipos bizarros da filmografia de Candeias, aliados a uma idéia de marginalidade (a prisão, o louco, a puta) aparecem claramente, mas sem a força, a organicidade de outros filmes, prejudicado por um roteiro fraco e diálogos e direção de atores pífios (nunca foram o forte de Candeias...)
Mas o final é estranho. Volta aquela coisa do Samuel Fuller mas ao mesmo tempo referência estranha, ambígua, sobre a tortura, sobre a relação entre amor e ódio: torturador e torturada desenvolveram uma relação que se transformou em amor. A freira é estuprada mas no fundo ela sente que queria ser violentada. Por um lado, são os padrões da pornochanchada, mas por outro referência estranha sobre a tortura e sobre o Brasil. Ainda a ser mais pensada.
de Ozualdo Candeias
CC sab 05 16:30
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De um lado parece nítido que A Freira e a Tortura é um projeto fracassado de Candeias. Vendo-o, me passou a certeza de que a grande habilidade de Candeias é filmar em locação, pois sua incorporação do espaço físico como força de dramaturgia é o centro do seu cinema. Filmes de câmara, com poucos atores, filmados em estúdio, baseados em diálogos, definitivamente não são o forte do diretor.
Por outro lado, há alguns elementos interessantes pensando na filmografia de Candeias como um todo. Um início interessante, em que Candeias tenta construir a narrativa toda em zooms. São zooms estranhos na parte do convento, porque não têm uma função propriamente narrativa.
Os tipos bizarros da filmografia de Candeias, aliados a uma idéia de marginalidade (a prisão, o louco, a puta) aparecem claramente, mas sem a força, a organicidade de outros filmes, prejudicado por um roteiro fraco e diálogos e direção de atores pífios (nunca foram o forte de Candeias...)
Mas o final é estranho. Volta aquela coisa do Samuel Fuller mas ao mesmo tempo referência estranha, ambígua, sobre a tortura, sobre a relação entre amor e ódio: torturador e torturada desenvolveram uma relação que se transformou em amor. A freira é estuprada mas no fundo ela sente que queria ser violentada. Por um lado, são os padrões da pornochanchada, mas por outro referência estranha sobre a tortura e sobre o Brasil. Ainda a ser mais pensada.
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