Brigitte et Brigitte

Brigitte e Brigitte
De Luc Moullet
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Bom, certamente esta leitura é uma grande viagem minha, mas vi este Brigitte e Brigitte como a mais contundente crítica à nouvelle vague que eu já vi no cinema, e isso filmado por alguém próximo do grupo e filmado em 1966. Duas meninas-mulheres chamadas Brigitte vão do campo para Paris para poder estudar literatura e cinema, vencer na cidade grande. Acontece que quem pensa um filme sobre o “êxodo rural” está enganado: o filme é quase uma paródia aos filmes jovens, libertários e de poucos recursos da nouvelle vague. Com uma câmera fixa e em muitos momentos frontais, com as personagens nitidamente representando papéis caricatos, Brigitte e Brigitte, pelo menos visto de hoje, é um grande tapa de pelica na superficialidade do modo de vida parisiense de meados dos anos sessenta. Na verdade nem tão sutil assim: uma comédias às vezes grosseira e muitas vezes caricata sobre essas duas mulheres que no fundo querem se dar bem, arrumar rapazes que as sustentem, colar na escola para poderem passar de ano, esse tipo de coisa. Nada particularmente construtivo fica do filme, a não ser destruir ironicamente um modo de vida, especialmente o modo de vida dos estudantes universitários parisienses. As discussões sobre cinema, especialmente sobre cinema americano são também muito reveladoras. Num instante, um “entrevistado” diz que o seu maior sonho como cinéfilo é “morrer vendo um filme”. Tudo isso em tom de galhofa descarado. As eleições francesas, os sindicatos, os intelectuais, o cinema francês, o ministro da educação, a política de subsídios, a diferença entre cidade e campo (o “leite fresco”), tudo é ridicularizado por Moullet, num filme inacreditável, porque simula os recursos da nouvelle vague para promover uma cáustica crítica aos rumos do cinema francês da época.

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