There Will Be Blood
Sangue Negro
De Paul Thomas Anderson
Odeon fev
***
É difícil falar sobre Sangue Negro mais de um mês após tê-lo visto, e há muita coisa a ser dita sobre ele. Um filme de corte clássico, um filme que me lembra o cinema clássico americano de décadas atrás, e no bom sentido. Um filme de enorme sentimento de cinema, seja em relação a abraçar um mundo, uma história, uma vida; seja em relação a apreender um tempo outro; seja em relação a presenciar um espaço físico; seja em relação a compor uma história de contrapartida moral, de significado extremamente crítico, pungente e atual.
Sangue Negro começa de forma impressionante, o que me fez lembrar um filme de Martin Ritt chamado Ver-te-ei no inferno, com suas imagens de um poço e o esforço solitário de um homem, sem palavras, com o impressionante uso do som. Ele afinal descobre petróleo, e se suja do líquido como se fosse sangue (o que nos remete ao belo título em português do filme). É quase como Andrei Rublev, quando o menino descobre que o sino está pronto, mas ao invés da chuva, há o tom austero e negro do petróleo. Não há a redenção do filme do Tarkovsky, até porque o que o filme de Paul Thomas Anderson vai destrinchar é o quanto, por trás do prazer da criação, há de sangue e de miséria na cobiça de um descobrimento de uma América.
Nisso, Sangue Negro vira uma espécie de Greed ou mesmo de Cidadão Kane, na trajetória de ascensão de um magnata do petróleo e o preço pago para a sua “coroação”: a solidão, as cicatrizes, a contrapartida da cobiça a qualquer preço. Com isso, Sangue Negro se revela um filme extremamente atual, que investiga a origem da formação do império americano, em seu regime de empresa familiar, em seu tom conquistador e de exploração alheia.
Em seu terço final, Sangue Negro cai um pouco mas o final não deixa de ter uma semelhança com Cidadão Kane, com o rico magnata preso em seu Rosebud querido. Mas aqui não há o drama, e sim a comédia, mórbida, perversa. Lição tétrica, cruel, mas de qualquer forma adequada à parábola amarga de PTA sobre os rumos do imperialismo americano.
De Paul Thomas Anderson
Odeon fev
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É difícil falar sobre Sangue Negro mais de um mês após tê-lo visto, e há muita coisa a ser dita sobre ele. Um filme de corte clássico, um filme que me lembra o cinema clássico americano de décadas atrás, e no bom sentido. Um filme de enorme sentimento de cinema, seja em relação a abraçar um mundo, uma história, uma vida; seja em relação a apreender um tempo outro; seja em relação a presenciar um espaço físico; seja em relação a compor uma história de contrapartida moral, de significado extremamente crítico, pungente e atual.
Sangue Negro começa de forma impressionante, o que me fez lembrar um filme de Martin Ritt chamado Ver-te-ei no inferno, com suas imagens de um poço e o esforço solitário de um homem, sem palavras, com o impressionante uso do som. Ele afinal descobre petróleo, e se suja do líquido como se fosse sangue (o que nos remete ao belo título em português do filme). É quase como Andrei Rublev, quando o menino descobre que o sino está pronto, mas ao invés da chuva, há o tom austero e negro do petróleo. Não há a redenção do filme do Tarkovsky, até porque o que o filme de Paul Thomas Anderson vai destrinchar é o quanto, por trás do prazer da criação, há de sangue e de miséria na cobiça de um descobrimento de uma América.
Nisso, Sangue Negro vira uma espécie de Greed ou mesmo de Cidadão Kane, na trajetória de ascensão de um magnata do petróleo e o preço pago para a sua “coroação”: a solidão, as cicatrizes, a contrapartida da cobiça a qualquer preço. Com isso, Sangue Negro se revela um filme extremamente atual, que investiga a origem da formação do império americano, em seu regime de empresa familiar, em seu tom conquistador e de exploração alheia.
Em seu terço final, Sangue Negro cai um pouco mas o final não deixa de ter uma semelhança com Cidadão Kane, com o rico magnata preso em seu Rosebud querido. Mas aqui não há o drama, e sim a comédia, mórbida, perversa. Lição tétrica, cruel, mas de qualquer forma adequada à parábola amarga de PTA sobre os rumos do imperialismo americano.
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