Eastern Promises
Senhores do Crime
De David Cronenberg
*
É certo que Cronenberg ficou conhecido como o cineasta do abjeto e das metamorfoses genéticas, em filmes como A Mosca, Gêmeos ou eXistenZ, mas ao mesmo tempo parece claro que o diretor vem tentando mudar o perfil da sua filmografia sem deixar de buscar suas obsessões de sempre. Se em Spider esse contorno já se via, com a complexidade do lado interior do personagem sendo valorizado pelo não-dito e pelo que é misterioso, em Marcas da Violência o estilo de Cronenberg atingia a maturidade: o que agora importava, mais do que as marcas corporais, eram as “marcas de alma”, era esse monstro que se escondia por trás de uma situação comum, de um cidadão comum.
Em Senhores do Crime, Cronenberg busca um prolongamento desse estilo: o corpo e o sangue ainda se fazem presentes como força motriz, mas o que se busca são as motivações interiores desses personagens, ou o que eles escondem. E isso através de uma mise-en-scene mais sóbria, num maior diálogo com o cinema clássico.
Acontece que em Senhores do Crime, ao contrário de Marcas da Violência, essa busca acaba soando fracassada, especialmente por truques banais de roteiro e por um tom equivocado ao filme e aos personagens. Fico curioso de saber o que um russo acha do filme, porque para mim todos os estereótipos e cacoetes típicos dos mais banais filmes de gangster e da máfia russa são evidentes. A forma como Naomi Watts se aproxima da família mafiosa, o envolvimento de Viggo Mortensen com os mafiosos, a forma como as suspeitas de homossexualismo são jogadas no filme, a trilha sonora convencional, etc, etc.
A melhor sequência do filme sem dúvidas é a da sauna. As tatuagens no corpo como sinal de identificação e a cena da luta, em que essa simbiose entre o lado “animal” e “humano” (que já havia em Marcas da Violência) é associada entre o sangue e a água. Aliás, o sangue, em seguida, será usado como sinal de identificação de um corpo. A ressaltar também as performances de Viggo Mortensen e Armin Mueller-Stahl, mas em se tratando de um filme de Cronenberg, uma história banal, muito abaixo do que se poderia esperar.
De David Cronenberg
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É certo que Cronenberg ficou conhecido como o cineasta do abjeto e das metamorfoses genéticas, em filmes como A Mosca, Gêmeos ou eXistenZ, mas ao mesmo tempo parece claro que o diretor vem tentando mudar o perfil da sua filmografia sem deixar de buscar suas obsessões de sempre. Se em Spider esse contorno já se via, com a complexidade do lado interior do personagem sendo valorizado pelo não-dito e pelo que é misterioso, em Marcas da Violência o estilo de Cronenberg atingia a maturidade: o que agora importava, mais do que as marcas corporais, eram as “marcas de alma”, era esse monstro que se escondia por trás de uma situação comum, de um cidadão comum.
Em Senhores do Crime, Cronenberg busca um prolongamento desse estilo: o corpo e o sangue ainda se fazem presentes como força motriz, mas o que se busca são as motivações interiores desses personagens, ou o que eles escondem. E isso através de uma mise-en-scene mais sóbria, num maior diálogo com o cinema clássico.
Acontece que em Senhores do Crime, ao contrário de Marcas da Violência, essa busca acaba soando fracassada, especialmente por truques banais de roteiro e por um tom equivocado ao filme e aos personagens. Fico curioso de saber o que um russo acha do filme, porque para mim todos os estereótipos e cacoetes típicos dos mais banais filmes de gangster e da máfia russa são evidentes. A forma como Naomi Watts se aproxima da família mafiosa, o envolvimento de Viggo Mortensen com os mafiosos, a forma como as suspeitas de homossexualismo são jogadas no filme, a trilha sonora convencional, etc, etc.
A melhor sequência do filme sem dúvidas é a da sauna. As tatuagens no corpo como sinal de identificação e a cena da luta, em que essa simbiose entre o lado “animal” e “humano” (que já havia em Marcas da Violência) é associada entre o sangue e a água. Aliás, o sangue, em seguida, será usado como sinal de identificação de um corpo. A ressaltar também as performances de Viggo Mortensen e Armin Mueller-Stahl, mas em se tratando de um filme de Cronenberg, uma história banal, muito abaixo do que se poderia esperar.
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