(FORA DO FESTIVAL) IRMÃOS LUMIÈRE
"Primeiros filmes"
Dos Irmãos Lumière
***½
.
O CNC francês restaurou os primeiros filmes dos irmãos Lumière, e no emule,
é possível baixar cerca de uma hora com diversos desses filmetes. Vê-los em
seguida, mais de 100 anos após a sua realização, nos passa uma sensação de
espanto, porque são obras extremamente atuais. Vendo-os hoje fica claro que
os irmãos Lumière (voluntariamente ou não) foram gênios à frente de sua
época, muito mais que meros técnicos, porque vislumbraram uma possibilidade
de poesia e de encanto para o cinema que perdura até hoje. Nessa pequena
coletânea de filmetes, vemos uma certa "catalogação" das possibilidades
primeiras do cinema, e a maestria com que os dois irmãos propuseram esses
primeiros passos: o documentário (o cinema de registro, o "cinema
turístico"), o teatro filmado, a crônica de costumes, a comédia de
equívocos, a metalinguagem, o cinema de linguagem. Sua extraordinária
vocação para o enquadramento diagonal como reflexo de um fluxo de movimento
é notável, e sua composição espacial é nítida pela obsessão pela vidsa
urbana e suas entradas e saídas de quadro (de pessoas, de veículos, etc.). A
poesia dos "travellings" improvisados, no interior de vagões de trens, por
exemplo, são aplicações extremamente poéticas dos primeiros planos ponto de
vista. A idéia de uma profundidade de campo; e a habilidade entre a
composição entre o primeiro plano e o plano geral já são sentidas em alguns
trabalhos. Num certo filme vemos, propositadamente uma outra câmera filmando
(a metalinguagem) e em outro filme uma parede é derrubada e, em seguida,
volta a "ficar de pé" (com um reverso), o que comprova que não há nada de
"primitivo" no cinema dos irmaõs. Por fim, como falava no início, vê-los
hoje é uma epifania, pois sabemos que de Jonas Mekas a Rosetta, o cinema
contemporâneo e sua vocação para "mostrar" ao invés de "narrar", no seu
diálogo com o documentário para ser menos esquemático, para buscar ser mais
livre e respirar a brisa da vida, somente pavimenta em última instância a
estrada aberta pelos irmãos Lumiére, com um trabalho que, visto de hoje,
parece extremamente atual e profundamente contemporâneo e instigante. Com
essa revisão, já é possível dizer, sem titubear, que os irmãos Lumière estão
entre os 20 maiores autores da história do cinema.
Dos Irmãos Lumière
***½
.
O CNC francês restaurou os primeiros filmes dos irmãos Lumière, e no emule,
é possível baixar cerca de uma hora com diversos desses filmetes. Vê-los em
seguida, mais de 100 anos após a sua realização, nos passa uma sensação de
espanto, porque são obras extremamente atuais. Vendo-os hoje fica claro que
os irmãos Lumière (voluntariamente ou não) foram gênios à frente de sua
época, muito mais que meros técnicos, porque vislumbraram uma possibilidade
de poesia e de encanto para o cinema que perdura até hoje. Nessa pequena
coletânea de filmetes, vemos uma certa "catalogação" das possibilidades
primeiras do cinema, e a maestria com que os dois irmãos propuseram esses
primeiros passos: o documentário (o cinema de registro, o "cinema
turístico"), o teatro filmado, a crônica de costumes, a comédia de
equívocos, a metalinguagem, o cinema de linguagem. Sua extraordinária
vocação para o enquadramento diagonal como reflexo de um fluxo de movimento
é notável, e sua composição espacial é nítida pela obsessão pela vidsa
urbana e suas entradas e saídas de quadro (de pessoas, de veículos, etc.). A
poesia dos "travellings" improvisados, no interior de vagões de trens, por
exemplo, são aplicações extremamente poéticas dos primeiros planos ponto de
vista. A idéia de uma profundidade de campo; e a habilidade entre a
composição entre o primeiro plano e o plano geral já são sentidas em alguns
trabalhos. Num certo filme vemos, propositadamente uma outra câmera filmando
(a metalinguagem) e em outro filme uma parede é derrubada e, em seguida,
volta a "ficar de pé" (com um reverso), o que comprova que não há nada de
"primitivo" no cinema dos irmaõs. Por fim, como falava no início, vê-los
hoje é uma epifania, pois sabemos que de Jonas Mekas a Rosetta, o cinema
contemporâneo e sua vocação para "mostrar" ao invés de "narrar", no seu
diálogo com o documentário para ser menos esquemático, para buscar ser mais
livre e respirar a brisa da vida, somente pavimenta em última instância a
estrada aberta pelos irmãos Lumiére, com um trabalho que, visto de hoje,
parece extremamente atual e profundamente contemporâneo e instigante. Com
essa revisão, já é possível dizer, sem titubear, que os irmãos Lumière estão
entre os 20 maiores autores da história do cinema.
Comentários