(FESTRIO 2) I´m a cyborg but that´s OK
I´m a cyborg but that´s OK
De Park Chan-wook
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Um filme de produção cuidada que parece ter sido feito para adolescentes coreanos, retrata um hospício sob o ponto de vista de um dos pacientes: uma menina que acha que é um(a) cyborg. O interessante (mas tbem problemático) é como o filme alterna da primeira para terceira pessoa, ou seja, como às vezes vemos o que essa personagem vê, e como em outros momentos vemos que o que ela vê não é o que é “na verdade”. Com isso, o filme fica muito restrito a um jogo de cartas marcadas previamente anunciado, e que quebra o seu feitiço, tornando-se muito repetitivo (a situação da menina-cyborg que, recarregando suas baterias passa a matar todos os médicos). Esse tema, inclusive, tem um contexto um tanto estranho, bastante violento, por esse desejo de vingança que o filme alimenta como uma coisa saudável (uma coisa ingênua mas cuja encenação não tem nada de ingênua). Daí que o filme vai buscar as motivações psicológicas da loucura da menina num trauma de infância relativo à perda (a dentadura da avó que comia rabanetes, etc.) e nisso se perde totalmente, sendo completamente superficial e fútil no olhar sobre a loucura, e também completamente a parte de um verdadeiro cinema de invenção quando olha pelo ponto de vista dos loucos. Ou seja, não é nem uma coisa nem outra, e fica no meio do caminho entre várias intenções, sendo um garrancho mal feito de um filme inventivo, quando no fundo, acaba sendo um produto fútil comercial feito para adolescentes, pouco recomendável. No final, o filme cresce em termos narrativos, quando se alinha mais a um discurso clássico (o menino tentando fazer a menina comer), mas essa linha tênue entre fantasia e realidade tem uma abordagem fútil que em nada acrescenta ao que já foi apresentado sobre o tema no cinema.
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