De Punhos Cerrados
De Marco Bellocchio
DVD jan/2007
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Devo dizer alguma coisa sobre De Punhos Fechados (I Pugni in tasca), do Marco Bellocchio, que eu queria ver já há tantos anos, mas visto o filme, o que dizer? Que é uma puta porrada na “instituição da família”, um filme delirante, um jogo de aparências e de superfícies sobre as vaidades e os jogos de poder que são parte da família e da sociedade. Que é parte desse cinema italiano dos anos sessenta, com uma brutal explosão de energia, com grande irreverência, corajoso para enfrentar os dilemas da conservadora sociedade italiana, cheio de elipses e transformações narrativas. O filme tem problemas de ritmo, especialmente no seu quarto final, mas dane-se tudo isso, porque o equilíbrio, esse lado de “aparar as arestas” está completamente fora de questão. Um tapa na cara, um cruzado de esquerda na hipocrisia da sociedade italiana, uma declaração de princípios de um cinema libertário (quando eles botam fogo nos móveis e coisas da mãe e vendem a casa é uma loucura!). Um lado doce, cruel e perverso da morte, do assassinato. Esse limite entre a loucura, a inocência e o cálculo racional. A morte para poder amar, mas quem é amado não quer amar, quer lucrar a partir do amor do outro, e daí a recusa do amor e os jogos de poder. E por aí vai.
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