(Fest Rio 6)
Como Festejei o Fim do Mundo
De Catalin Mitulescu
Espaço Unibanco 2 sab 13hs
* ½
O cinema romeno está em moda, agora que por dois anos seguidos filmes romenos ganharam o Camera d´or, cobiçado prêmio de filmes de estreantes tradicionalmente concedido pelo Festival de Cannes. Como Festejei o Fim do Mundo concorreu ao último Câmera d´or mas pouco tem a ver com a estética radical de A Morte do Senhor Lazarescu, vencedor do ano anterior. Aqui, trata-se de mais um exemplar de filme romeno para exportação: as mazelas de uma Romênia em que cai a ditadura de Ceaucescu servem de pano de fundo para a bem-humorada visão dos acontecimentos do ponto de vista de um menino. Esse olhar um tanto desgastado recebe o “tratamento de verniz” típico das produções de exportação: o suo da música, a visão da política, o entrecho amoroso, etc. Mas este Como Festejei o Fim do Mundo não é desprovido de interesse porque, como típico título da Europa Oriental, mesmo dentro de um cinema mais convencional, um certo desejo pela subversão está presente. Primeiro, pela rebeldia da adolescente Eva, contra a escola, contra as instituições, contra sua família, contra seu namorado, contra si mesma, e até contra os rumos da narrativa (ela própria desiste da fuga quando está prestes a fazê-lo). Segundo, porque o filme tem um certo desejo pela linguagem: a câmera esguia do início quase documental, as elipses narrativas quando Eva é expulsa da escola, a questão do olhar do irmão mais novo trabalhada no filme. Com isso, se não chega a empolgar ou trazer algum dado realmente novo nas relações “criança-política-cinema de exportação”, Como Festejei o Fim do Mundo confirma que o cinema da Europa Oriental persegue um olhar de cinema diferente do usual, mesmo numa produção mais conservadora, e que seu lado rebelde, sarcástico e irreverente sustenta o interesse despertado recentemente pelo cinema romeno.
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