Essa Copa nos mostrou algumas coisas
Primeiro, que a imagem engana, que a mídia pode não manipular a imagem mas manipula a informação, ou seja, ela filtra o que deve e o que não deve ser mostrado, e de que forma vai ser mostrado. Que enquanto nossos jogadores faziam esse papelão na Copa, o nosso Presidente assinava um decreto que corroborava a concentração da mídia que existe hoje no Brasil. Que enquanto estávamos goleando os japoneses com os nossos reservas estávamos ao mesmo tempo batendo o martelo para implementar o padrão japonês. E ninguém falava nada porque os holofotes estavam nas estrelas do Brasil. As escolas lotadas de criancinhas que choravam porque o Brasil perdeu um jogo mas que não sabem do escândalo de corrupção dos políticos da nossa Pátria.
Sobre a seleção:
Não é surpresa que o tal de Zé Roberto era sempre eleito o melhor jogador do time. Ora, porque nesse esquema tático do Parreira quem encontra espaço para jogar é o Zé Roberto, ressurreição do Mazinho de 1994, o “futebol enceradeira”, de toque de lado e do falso reboteiro.
O esquema tático estava errado porque Adriano e Ronaldo não poderiam jogar juntos, porque o time perde em mobilidade e complica os dois armadores de meio de campo, que são jogadores que têm característica muito mais de finalizadores do que de armadores. Só poderia ser o quadrado mágico se os quatro se deslocassem, não tendo posição fixa.
Os times europeus teriam vantagem sobre o Brasil porque eles bloqueiam o meio e deixam os flancos para o Brasil. O time teve dificuldade porque além da falta de movimentação do meio de campo, ainda teve a ausência dos laterais, que por condições físicas não conseguiam mais apoiar, especialmente o Cafu.
Além das dificuldades do esquema tático, foi nítida a omissão da comissão técnica em tentar motivar os jogadores, ou ainda, a ausência de um líder que chamasse a responsabilidade para si nos momentos decisivos (ou que cobrasse por exemplo de um Ronaldinho Gaúcho que ele buscasse essa responsabilidade). Como a seleção enfrentou adversários muito fracos, as falhas (visíveis) foram encobertas. Mas diante de um adversário um pouco mais organizado (que foi a França) as falhas – táticas e motivacionais – foram gritantes. Ou seja, Parreira falhou tanto como técnico quanto como “gestor de talentos”.
A motivação da “revanche” da final de 1998 contra a França teria que ser utilizada. Mas ficou claro que não o foi no túnel na entrada para o campo, onde os jogadores brasileiros estavam descontraídos, rindo, dando tapinhas nas costas dos jogadores franceses, quando a postura teria que ser outra.
Não é verdade que o time perdeu porque o Parreira “gosta de retranca”. Porque o Brasil tanto não soube atacar quanto falhou no aspecto de marcação. Os dois meio-campistas apoiadores avançavam e deixavam um buraco onde o Zé Roberto ficava quase sozinho, porque o Emerson (Gilberto Silva) jogava quase como um terceiro zagueiro. O Brasil “deixava jogar”, porque adotava o sistema de “apenas cercar” os jogadores. Contra Gana, que é um time que se movimenta muito, as falhas foram visíveis, mas a marcação não mudou o esquema, apenas mudou o jogador, que no caso de Emerson e Gilberto Silva é como trocar seis por meia dúzia.
O pior foi o Henry, que dias antes falou, sem nenhum pudor, que os brasileiros jogam bola porque não estudam, ou seja, somos um bando de burros e subdesenvolvidos. E o pior é que ele fez o gol e mostrou que tinha razão.
Enquanto isso, Zidane, o argelino mais francês do mundo, com sua classe habitual, nada disse, mas comeu a bola. Todo mundo dizia que o Brasil iria aposentar o Zidane, mas na verdade o Zidane é que acabou aposentando meio time do Brasil.
Henry, Zidane e os próprios brasileiros comprovaram nesse Copa que vivemos num país de merda. Agora, que venham as eleições!
Comentários
Um abraço
Marco Aurélio
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