Achei nos meus papéis virtuais velhos, uma carta dos Irmãos Pretti à curadoria da Mostra do Filme Livre. Atual e necessária. Ei-la:
CARTA À CURADORIA – FILME LIVRE
Eu acho engraçado que o cinema, a arte mais popular, seja arte que as pessoas menos entendem. Quando elas vão ao cinema, elas querem ver o que elas já conhecem, em termos de narrativa, dramaturgia e signos. Quando você faz um filme buscando se expressar da forma mais cinematográfica possível, parece que ninguém entende e o pior é que ninguém quer se dar o trabalho de entender. Nesse sentido, sim, fazemos um cinema solitário que não quer ser visto, mas é nisso que a proposta desse tipo de cinema tem a sua validade. Um filme é feito com o intuito de se expressar e de dialogar, só resta o espectador querer dialogar com o filme. De qualquer maneira, acho importante esses dois filmes (O Primeiro Grito e Dias em Branco) passarem no filme livre, pois são representantes de um cinema que existe e que não pode ser ignorado. Mesmo que o público em geral não goste, é importante passarem esses filmes como maneira de fomentar a produção de cinema e vídeo no Brasil. Temos que ver os dois lados da moeda e fazer com que eles coexistam, senão vira barbárie. Da mesma forma que deve-se ter espaço para um Almodóvar deve-se ter espaço para uma Claire Denis. Eu acho que o brasileiro tem parar de pensar pequeno (provinciano) e começar a entender que a riqueza não está só no que cai no gosto do público. Público e dinheiro são só dois dos vários fatores que compõem a estrutura social dentro dos porques da exibição de uma obra de arte.
abraços
luiz pretti
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