de longe...
Herbert de Perto
de Roberto Berliner e Pedro Bronz
É Tudo Verdade, Cinesesc 28março 21hs
*
Herbert de Perto é um produto feito para televisão, produzido pelo canal A&E para sua série Biography. Tendo isto em vista, é um filme competente, um produto acima da média para um doc de televisão. Mas quando os diretores querem ampliar a duração do produto para tentarem exibir nos cinemas, e o exibem em primeira exibição num festival de cinema documental, aí já mudamos de idéia. O material é riquíssimo: a história de vida de Herbert Vianna é fantástica e Roberto Berliner é talvez a pessoa que melhor pudesse fazer esse filme, dado seu envolvimento – pessoal e profissional – com o protagonista (além de grandes amigos pessoais, Berliner fez os primeiros clipes dos Paralamas nos anos oitenta). Dado o potencial do material, o filme fracassa, simplesmente porque não tem um olhar sobre ele: é apenas um conjunto de imagens, de “momentos legais”, colocados juntos, sendo que isso, obviamente, passa ao largo de ser uma montagem de um projeto de cinema, em que o que vai ser selecionado é definido com uma visão de conjunto e uma idéia de ritmo. Dessa forma, o filme perde todo o seu interesse. O filme poderia ter duas opções: primeiro, acompanhar a trajetória do conjunto em ordem cronológica, para que o espectador que não sabe do acidente possa se surpreender com o impacto dramático do final, como uma reviravolta narrativa (tipo Ônibus 174), ou, segundo, assumir a tragédia desde o início, e ser um filme sobre Herbert reassumindo uma memória, e ser então um filme sobre a memória, e o papel da música e da afetividade (a união do conjunto) na busca por essa memória e por um “sentido de viver”. Mas os diretores Berliner e Bronz pensam muito pequeno, e no que poderia ser o filme de suas vidas, fazem de Herbert de Perto um produto para televisão simples, correto, mas sem brilho.
Comentários
Quanto aos filmes do Linklater eu não poderia discordar mais, hehe.