Bully

De Larry Clark

CCBB sex 3 16hs

0 ½

 

Não creio que Larry Clark faça filmes apenas para aparecer. É nítido que seu cinema tenta desenvolver um certo olhar (até certo ponto original) sobre a tão pouco compreendida fase da adolescência. É claro, também, que, por meio dela, Clark quer falar sobre a América de hoje. Há uma certa tentativa de um cinema em que o artesanal cruza com o comercial. Mas se há tudo isso e se isso é visível, o grande problema é que tudo é muito mal realizado. Em termos do ofício da realização, Bully, como um ou outro filme de Clark que assisti, é muito mal realizado e mal resolvido. O filme todo tem uma grande dúvida se deve abraçar esses meninos (ser íntimo) ou deve criticá-los por sua alienação (ser distante). E com isso a câmera (às vezes planos fixos, rigorosos, às vezes câmeras na mão), a luz, o corte, o trabalho dos atores, tudo se confunde, tornando o filme uma “geléia geral”.

Na abordagem do tema, confesso que tenho até uma certa simpatia com Clark. Mas é só ver os seus filmes para perceber que nada pode ser levado muito a sério, em termos de um olhar honesto sobre qualquer coisa. A personagem da menina “femme fatale” é ridícula, a transformação que faz o melhor amigo querer matar o outro é pífia, etc, etc. Ao final, Bully soa extremamente moralista, com os cartazes de prisão que mostram a condenação da turma. “Todos presos com a sentença de cada um” tenta colocar uma certa responsabilidade ética ao diretor, que tanto é criticado por isso. Engraçado que se torna quase uma versão de Crime e Castigo, literalmente mas ao mesmo tempo ao contrário, porque acaba se revelando tremendamente moralista, o que no fundo é a vocação de Clark: um filme da extrema-direita.

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