As Chaves de Casa
De Gianni Amelio
Estação Paissandu, qui 19 21:30
* ½
“Pai reencontra o filho, deficiente físico, após tê-lo abandonado quinze anos antes”. Por esse entrecho, poderia se esperar um filme absolutamente piegas sobre a reconciliação, e As Chaves de Casa não deixa de ser isso, e se utiliza recursos para escapar do dramalhão (o alto-astral do filho, a tentativa de o filho ser normal, etc.), esses recursos no fundo não deixam de ser um lugar-comum para enfatizar o drama. Há um certo interesse em As Chaves de Casa, no entanto, e esse interesse reside especialmente na sobriedade da mise-en-scene de Amélio. O diretor utiliza um tratamento do tempo que enfatiza os silêncios e as expressões dos personagens. Faz um filme simples, mas de uma elegância formal que o afasta do que o cinema americano poderia fazer com um tema desses (ou seja, As Chaves de Casa não é um telefilme, vide o raríssimo uso da música no filme). Os primeiros dez minutos oferecem ao espectador uma apresentação estimulante, quebrando alguns elementos da narrativa clássica (identificação, elipses, etc.). De qualquer forma, não há nada particularmente iluminado no tão batido tema do reencontro pai-filho, ou mesmo no tema da inserção do deficiente físico na sociedade “sã”. Mas há um sentido de cinema por trás disso: há um elegantérrimo final em aberto, bastante bonito; há a separação do pai e da senhora que lhe dá conselhos numa estação de trem.; há a extraordinária performance do menino deficiente. Amelio mostra que conhece seu ofício como diretor, e cria um clima para o filme que lembra o típico cinema italiano dos anos setenta. Dados os limites de seu pressuposto, acaba senso razoavelmente estimulante.
De Gianni Amelio
Estação Paissandu, qui 19 21:30
* ½
“Pai reencontra o filho, deficiente físico, após tê-lo abandonado quinze anos antes”. Por esse entrecho, poderia se esperar um filme absolutamente piegas sobre a reconciliação, e As Chaves de Casa não deixa de ser isso, e se utiliza recursos para escapar do dramalhão (o alto-astral do filho, a tentativa de o filho ser normal, etc.), esses recursos no fundo não deixam de ser um lugar-comum para enfatizar o drama. Há um certo interesse em As Chaves de Casa, no entanto, e esse interesse reside especialmente na sobriedade da mise-en-scene de Amélio. O diretor utiliza um tratamento do tempo que enfatiza os silêncios e as expressões dos personagens. Faz um filme simples, mas de uma elegância formal que o afasta do que o cinema americano poderia fazer com um tema desses (ou seja, As Chaves de Casa não é um telefilme, vide o raríssimo uso da música no filme). Os primeiros dez minutos oferecem ao espectador uma apresentação estimulante, quebrando alguns elementos da narrativa clássica (identificação, elipses, etc.). De qualquer forma, não há nada particularmente iluminado no tão batido tema do reencontro pai-filho, ou mesmo no tema da inserção do deficiente físico na sociedade “sã”. Mas há um sentido de cinema por trás disso: há um elegantérrimo final em aberto, bastante bonito; há a separação do pai e da senhora que lhe dá conselhos numa estação de trem.; há a extraordinária performance do menino deficiente. Amelio mostra que conhece seu ofício como diretor, e cria um clima para o filme que lembra o típico cinema italiano dos anos setenta. Dados os limites de seu pressuposto, acaba senso razoavelmente estimulante.
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