EM CASA
Acho que já posso falar sobre o EM CASA, meu primeiro longa! Na verdade nem o considero como longa, muito menos como meu “primeiro longa”, que é algo que se os deuses quiserem ainda virá. É na verdade um exercício, mais um exercício, algo que fiz para treinar o olhar, ou como necessidade pessoal, um prolongamento das experiências do Entremeio. O filme todo são lugares vazios, planos da minha casa em Campo Grande. Só. 115´ de filme assim. Não tem gente, não tem “ação”, não tem nada: apenas o espaço, o tempo, a casa e os objetos, enfim o cinema. Cinema puro, sem nenhum “artifício” que possa desviar o filme de seu objetivo primeiro. Tudo o que seja secundário além disso não interessa: é um trabalho extremamente econômico. Mais uma vez a influência do Silver City do Wenders: o cinema como mero registro, um filme dos Irmãos Lumière mas ao mesmo tempo um retrato de uma intimidade. Materialismo e metafísica.
O filme se passa na casa dos meus pais em Campo Grande, lugar onde fui criado e vivi durante muitos anos. Mas agora não estou mais lá, vivo só. Depois de uns quinze anos, fiquei duas semanas lá, de férias. E a “minha casa” me pareceu um lugar muito estranho, tinha uma “intimidade perdida”. É a mesma coisa de quando se reencontra alguém que foi o seu melhor amigo quinze anos depois, sem nunca mais tê-lo visto. Como alguém que foi tão íntimo pode lhe parecer tão distante? O que dizer nesse reencontro? Como superar esse constrangimento? É isso, é essa “memória afetiva” que eu tento vasculhar. É tentar descobrir os rastros desse passado nesse presente partido, investigar o que existe de mim nessa casa e o que existe dessa casa em mim. Hoje, quinze anos depois.
É assim um trabalho de continuidade com o que venho desenvolvendo. Uma idéia da intimidade, da rotina, da casa, do lar. Um cinema também bastante austero, quase religioso. Uma investigação sobre uma “distância respeitosa”, sobre como ser íntimo mas mantendo uma distância necessária. Uma descoberta do meu lado oriental. E, claro, um filme sobre a perda e sobre a solidão. Um filme sobre mim.
O filme se passa na casa dos meus pais em Campo Grande, lugar onde fui criado e vivi durante muitos anos. Mas agora não estou mais lá, vivo só. Depois de uns quinze anos, fiquei duas semanas lá, de férias. E a “minha casa” me pareceu um lugar muito estranho, tinha uma “intimidade perdida”. É a mesma coisa de quando se reencontra alguém que foi o seu melhor amigo quinze anos depois, sem nunca mais tê-lo visto. Como alguém que foi tão íntimo pode lhe parecer tão distante? O que dizer nesse reencontro? Como superar esse constrangimento? É isso, é essa “memória afetiva” que eu tento vasculhar. É tentar descobrir os rastros desse passado nesse presente partido, investigar o que existe de mim nessa casa e o que existe dessa casa em mim. Hoje, quinze anos depois.
É assim um trabalho de continuidade com o que venho desenvolvendo. Uma idéia da intimidade, da rotina, da casa, do lar. Um cinema também bastante austero, quase religioso. Uma investigação sobre uma “distância respeitosa”, sobre como ser íntimo mas mantendo uma distância necessária. Uma descoberta do meu lado oriental. E, claro, um filme sobre a perda e sobre a solidão. Um filme sobre mim.
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