Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
de Michal Gondry
***
Apesar de tétrica projeção no tétrico São Luiz 4, Brilho Eterno (que eu fui doido pra odiar...) foi uma grata surpresa. Cinema de sensação, de descoberta (ai Jonas Mekas...), Brilho Eterno transcende os cacoetes espertinhos do Charlie Kaufman (alguém se lembrou de Adaptação?) para compor um trabalho lúcido que tenta quase ingenuamente (ai que bom...) transfigurar os limites da narrativa clássica, recompor um espírito de vitalidade e energia no cinema mainstream americano. Jim Carrey, numa atuação muito expressiva, tem um personagem pirandelliano: é um personagem à procura de um autor. Essa busca (dessa vez...) não é mero jogo de roteiro e de formas, mas símbolo de busca e identidade, sinal de angústia e reflexo de um tempo: é como se o filme fosse uma mistura de Paris qui dort com Total Recall. Sim, o surrealismo preenche o filme o tempo todo, mas ainda me encantou a doçura dos personagens (o que é o início com o Carrey acordando?... que intimidade...), e ainda a liberdade do trabalho de linguagem do Gondry. Sim, essa é uma questão: acho meio injusto as pessoas dizerem que é um filme de Kaufman; é sim um filme de Michal Gondry - a direção firme ajuda em muito o filme. A questão da memória - boa ou má - como símbolo de uma certa liberdade trz ao filme uma questão contemporânea que merece ser melhor refletida (temos além dos Amnésias da vida, mais formalistas, um O Homem Sem Passado, etc), além (certamente) dessas linhas. É claro que tudo vai se fechar no final, mas quem interpreta isso como sinal de enfraquecimento, tá "do contra" pq o filme se assume acima de tudo como produto americano, e é essa mesma despretensão que assegura ao filme sua coerência e seu olhar.
de Michal Gondry
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Apesar de tétrica projeção no tétrico São Luiz 4, Brilho Eterno (que eu fui doido pra odiar...) foi uma grata surpresa. Cinema de sensação, de descoberta (ai Jonas Mekas...), Brilho Eterno transcende os cacoetes espertinhos do Charlie Kaufman (alguém se lembrou de Adaptação?) para compor um trabalho lúcido que tenta quase ingenuamente (ai que bom...) transfigurar os limites da narrativa clássica, recompor um espírito de vitalidade e energia no cinema mainstream americano. Jim Carrey, numa atuação muito expressiva, tem um personagem pirandelliano: é um personagem à procura de um autor. Essa busca (dessa vez...) não é mero jogo de roteiro e de formas, mas símbolo de busca e identidade, sinal de angústia e reflexo de um tempo: é como se o filme fosse uma mistura de Paris qui dort com Total Recall. Sim, o surrealismo preenche o filme o tempo todo, mas ainda me encantou a doçura dos personagens (o que é o início com o Carrey acordando?... que intimidade...), e ainda a liberdade do trabalho de linguagem do Gondry. Sim, essa é uma questão: acho meio injusto as pessoas dizerem que é um filme de Kaufman; é sim um filme de Michal Gondry - a direção firme ajuda em muito o filme. A questão da memória - boa ou má - como símbolo de uma certa liberdade trz ao filme uma questão contemporânea que merece ser melhor refletida (temos além dos Amnésias da vida, mais formalistas, um O Homem Sem Passado, etc), além (certamente) dessas linhas. É claro que tudo vai se fechar no final, mas quem interpreta isso como sinal de enfraquecimento, tá "do contra" pq o filme se assume acima de tudo como produto americano, e é essa mesma despretensão que assegura ao filme sua coerência e seu olhar.
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