Balzac e a picaretinha chinesa

Balzac e a costureirinha chinesa
de Sijie Dai
Estação Paissandu, 12/08/2004 19:30
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Alguém pensou que esse filme era oriental???? Enganou-se, é francês. Até aí, tudo bem, mas é pior, muito pior que isso: é um filme na linha dos de Zhang Yimou. Isto é, picaretagem das grossas, simplificação de um processo cultural e essência de vida. O objetivo do filme é mostrar que o comunismo é uma merda, e o capitalismo é o manjar dos deuses. Pior, é ultra-reacionário. Dois caras que foram para o Ocidente aprenderam o que é cultura e retornaram para a China e têm a função de tirar aquela vila de medíocres camponeses do atraso. Oh.... e não é só isso: tem o papel da arte (xiiii....): os caras vão tirar o povo do atraso lendo madame bovary (é sério, gente, vces precisam ver isso....). Ao escutar as palavras do romance clássico de Flaubert, a costureirinha finalmente saiu das trevas, e passa a ser uma pessoa melhor, mais culta, mais instruída (aspas, aspas, aspas....). Ou seja, a arte tem função meramente didática, de iluminar as pessoas, de fazer as pessoas seres melhores - e ainda é o cânon, a arte clássica (que obviamente vem do Ocidente, i.e na China, no Oriente nao tem arte que preste, etc, etc, etc). Chega! Picaretagem das grossas! Ah, e a estética: adivinha, acadêmica, acadêmica, triângulo amoroso picareta para atrair a atenção do público para não perceber a mensagem implícita, etc, etc, gruas para valorizar o espaço físico, romances impossíveis e proibidos, etc. Socooooooorrrooooo!

por outro lado, o filme foi simplesmente um detalhe, um pretexto (e olha que há muito, muito tempo um filme - qualquer que seja - se tornava um detalhe pra mim...)... ai, ai, la vie...

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