[TIRADENTES2025] UM BALANÇO PROVISÓRIO
28ª Mostra de Tiradentes – um primeiro balanço
provisório
Assim, é difícil, improvável,
arriscado e precário realizar um balanço de uma mostra como essa. Em primeiro
lugar, por serem muitos filmes, entre curtas e longas, com uma programação
muito extensa e que é impossível acompanhar em sua totalidade – até porque os
três locais de exibição (cine-tenda, cine-praça e cine-teatro) passam filmes
simultaneamente. Segundo, porque os filmes são muito desafiadores, e não se tem
tempo para se deixar decantar as percepções de uma sessão para outra. Como sair
de uma sessão tão desafiadora quanto O
mundo dos mortos e entrar, logo em seguida, para Antonio Parreiras, como o quarto filme do dia? Sinto falta daquele
intervalo tão necessário, tipo uma hora entre um filme e outro, para que se
possa caminhar um pouco para poder digerir um filme com mais cuidado. E, antes
sequer que eu saia da tenda, várias pessoas já me interpelam em busca de uma
avaliação – e cada vez me sinto menos apto a fazê-lo. Claro que os críticos (e
curadores) vão, ao longo da vida, acumulando experiência para tentar lidar com
situações como essa, mas é preciso perceber que, ao longo do tempo, se o peso
dos anos confere experiência, há também um maior cansaço ou enrijecimento para
lidar com o crivo do inesperado. Daí surge o esgotamento, acabamos
inevitavelmente tendendo para nossas zonas de conforto, com o risco de utilizar
alguma expressão ou palavra indevida (um dos curadores, aliás com razão rs, me
deu uma cutucada sobre o uso indevido da palavra “irregular” para um dos
filmes, etc.), estamos na iminência de um erro de avaliação. Pois cada filme é
um filme, um universo completamente particular: estamos diante de visões de
mundo e de cinema por vezes radicalmente diferentes. (Como ver Um
minuto... logo depois de Margeado?).
E cada filme acontece ali naquele espaço do cine-tenda de formas misteriosas e
inesperadas. Por exemplo, alguns dos próprios curadores-debatedores revelaram
seu espanto quando (re)viram Batguano
returns na tela grande. Se, no ambiente privado da seleção da curadoria – em
casa, na tela pequena –, o filme havia despertado a atenção pela esfera do
humor debochado e irreverente, ali na exibição coletiva do grande cine-tenda a
sensação era de enorme melancolia, desencanto e desamparo. Estar em Tiradentes
é presenciar o nascimento de filmes menores (uma arte-menor, como bem diriam
alguns), que só acontecem ali no espaço mágico de Tiradentes. Estar em
Tiradentes é presenciar o nascimento de filmes menores (uma arte-menor, como
bem diriam alguns), filmes que só acontecem ali no espaço mágico de Tiradentes.
Há os que identifiquem nisso um sintoma de reclusão e elitismo, mas eu estou
entre os que, ao contrário, veem nessa pequena manjedoura, um inesperado sinal
de iluminação – especialmente diante de um cinema brasileiro cada vez mais
pragmático, uniforme, burocrático. Quando se apagam as luzes do cine-tenda,
algo está para acontecer, e não se tem a menor ideia do que virá.
Por esse ponto de vista, considero um milagre que um evento de aposta curatorial tão radical aconteça sob uma estrutura de produção tão robusta. Tiradentes é um dos maiores – e talvez hoje seja o maior – entre todos os festivais de cinema no Brasil, em termos de sua estrutura logística e número de convidados presentes. Talvez até maior do que Brasília e Gramado se levarmos em conta a extensão de sua programação, e número de convidados. Apenas de imprensa foram mais de 100 profissionais credenciados. E aqui vão todos os méritos e reconhecimento para a Universo Produções e o papel da Raquel Hallak. Na cerimônia de abertura – longo evento de quase três horas de duração – fomos surpreendidos pelo tom nitidamente confessional que mostra as dificuldades com que Raquel Hallak consegue manter um evento com tal musculatura, mesmo após o governo Bolsonaro, mesmo após a pandemia, mesmo diante da mentalidade conservadora de todas as estruturas institucionais e empresariais brasileiras.
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Com as mudanças de patamar entre Olhos Livres e Aurora – sendo que a Olhos Livres se tornou a principal vitrine do evento, e a Aurora específica para o primeiro longa – muitos esperavam que Tiradentes se posicionasse um pouco mais para o “hegemônico”, ou, em outros termos, que essa seção se deslocasse um pouco mais do perfil da tenda em direção ao da praça. Mas certamente não é isso o que se viu. Ao contrário: talvez essa edição de Tiradentes tenha se movido um pouco mais na direção do cine-teatro, ou ainda, para a seleção de filmes de perfil ainda mais radical. Considero que esta edição de Tiradentes se aproximou um pouco mais do perfil curatorial de um Ecrã, ou seja, na direção de filmes ainda mais radicais em suas propostas de outros cinemas brasileiros, para além dos padrões estéticos ou narrativos-comerciais, mas também e sobretudo dos padrões sociopolíticos mais em voga em boa parte dos contextos curatoriais, até mesmo dos festivais mais “progressistas”. E é curioso percebermos que essa inclinação para o radical aconteceu justamente na edição de maior estrutura logística e de produção dos últimos anos.
Aqui, o contexto curatorial foi
reforçado por um conceito curatorial fundante, baseado em uma entrevista de
Julio Bressane em 1993 (e esse dado de data é fundamental, pois é um momento em
que o cinema brasileiro estava às mínguas pela falta de apoio estatal), em que
ele dizia que a vocação do cinema brasileiro é ser experimental. Segundo
Bressane, como não somos uma indústria consolidada e dado o apelo voraz e
predatório das nossas elites, estamos sempre experimentando, estamos sempre
tentando ser algo a partir de nossas precariedades, de modo que “ou o cinema
brasileiro é experimental, ou não é nada”. A curadoria extrapolou essa
provocação de Bressane reverberando um problema-slogan intitulado “que cinema é
esse?”. Aqui, (não sei se é viagem minha rs) mas logo penso no brado político
popular de Renato Russo quando dizia “que país é esse?”, levado para outro
lugar. Pois, quando pensamos que cinema é esse, também pensamos que país é esse
– mas para além das cartilhas sociopolítica de intenção edificante, pois esse
questionamento é atravessado pelo conceito do experimental. Como disse o grande
Rodrigo Lima em um dos debates, o desafio é que o político perpasse por dentro
dos filmes, e não por fora deles. Esse foi um dos maiores desafios dessa edição
de Tiradentes.
Dessa forma, a grande
contribuição dessa edição de Tiradentes foi pensar outras possibilidades para o
cinema brasileiro contemporâneo de invenção que fuja dos lugares-comuns já
demarcados, pelas zonas de conforto estabelecidas seja pelo mercado seja pelo
nosso próprio circuito dos festivais/da “esquerda progressista”.
Em primeiro lugar, os principais
filmes da programação apresentaram outras propostas de dramaturgia para além da
composição roteiro/decupagem/trama/identificação-dos-personagens. Em relação a
isso, percebi uma enorme dificuldade de certos setores da crítica credenciada
em dialogar com a proposta dos filmes exibidos. Ora, é claro que pode-se gostar
mais ou menos de filmes como Kickflip,
Um minuto... ou O mundo dos mortos, mas até para se gostar ou não, é preciso
compreender o que está em jogo com esses filmes, qual a sua proposta
conceitual, e é preciso criticá-los por dentro, desfiar as contradições ou
desarranjos a partir de suas hipóteses – mas, em vez disso, o que se viu muitas
vezes foi a recusa aos filmes sem sequer vê-los, ou seja, rejeitá-los por fora,
meramente por sua casca ou aparência, não se propondo sequer a investigar suas
naturezas. Ora, não se pode julgar um filme como Kickflip por não ser como Estrada
para Ythaca, por não ter roteiro ou teleologia, etc. A originalidade de
filmes como Kickflip ou Um minuto... reside justamente em como a
montagem se organiza de modo radicalmente diferente de qualquer possibilidade
de progressão dramática – a própria ideia de progressão ou desenvolvimento é
recusada por ambos os filmes, daí achei extremamente oportuna a associação de
Filippin com o “cinema de atrações” ou com o vaudeville. Em como esses filmes
se utilizam de uma estrutura claramente precária e até certo ponto “amadora”
para deslocar seus sentidos e sua (des)organização interna. Por exemplo, Resumo da ópera também produz essa
operação de desconstrução, mas a “beleza” suntuosa de sua estrutura cênica,
movimentos de câmera impressionantes e decor/figurino tornam o filme mais
palatável em sua beleza mesmo diante de sua radical e vertiginosa deambulação
desorganizante. Ou, por exemplo, me interesso por O mundo dos mortos não propriamente pelo seu rigor petrificado neostraubiano
mas por propor a construção dessa atmofera hipnótica extremamente rigorosa por
meio de uma nítida e evidente pobreza de meios. Nisso, O mundo dos mortos está mais para Pedro Costa que Straub, no
sentido de se reapropriar de uma pobreza de meios para construir uma atmosfera
rigorosa, ou seja, a carência de recursos não está ligada ao mero documental ou
ao improviso.
Até mesmo suspeito que a ampla
adesão a Um minuto... se dê por
motivos laterais, como, por exemplo, o carisma de seu protagonista, e a
identificação ao personagem (mesmo que seja pelo avesso), e não pela
radicalidade da exposição de sua precariedade, até mesmo como espetáculo – algo
brilhante se percebermos que WPC agradeceu o prêmio utilizando uma frase
icônica de um filme nas bordas do clássico-moderno, que justamente trabalha de
forma crítica a exposição narcísica de suas feridas – “senhor diretor, estou
pronta para o meu close”, sintoma que comprova como WPC é consciente de seu
lugar, em como ele usa o espetáculo de forma crítica a seu favor mas sem nunca
deixar de perceber as suas contradições internas, jogando com elas num sentido
performático (a vida é o próprio filme; o filme é a própria vida). Pois
Tiradentes é tudo isso, e precisa de tudo isso para sobreviver. Desde o círculo
razoavelmente fechado de curadores-debatedores-simpatizantes que circunscrevem,
protegem e expandem o conceito para os iniciados, até a grande imprensa que faz
entrevistas com notoriedades, divulgam o turismo e a culinária da cidade, e que
naufraga diante dos filmes. Tiradentes vive e sempre viveu dessas contradições
expostas entre as necessidades pragmáticas de se manter um festival dessa estrutura
e a aura de ilha encapsulada-encantada das novas apostas do cinema brasileiro.
Em segundo lugar, a grande
ousadia dessa edição de Tiradentes também se expôs pela aposta da chave do
experimental como processo intrínseco que perpassa a estrutura dos filmes, em
detrimento de uma leitura central do discurso em torno de chaves sociopolíticas
mais imediatas, como o cinema militante, as pessoas/empresas vocacionadas (??!!
– nunca compreendi bem essa expressão), os lugares-de-fala, as situações de
pessoas de vulnerabilidade/minoritárias/invisibilizadas, enfim, de um cinema de
recorte “identitário” – ainda que essa expressão seja atualmente defenestrada.
Com isso, não quero em hipótese alguma dizer que o recorte dos filmes
selecionados não expôs de forma clara questões sociopolítico-econômicas do
Brasil de hoje, mas os modos como os filmes apresentados expuseram essas
questões muitas vezes fugiram dos manuais/das cartilhas ou mesmo das opções
mais sedimentadas em apresentar tais contextos. Sabemos que o cinema
identitário tornou-se hegemônico nos festivais de cinema do Brasil com um
contexto “progressista”, de modo que, mesmo correndo o risco de estigmatizar
uma produção plural, com muito mais nuances e sutilezas – não seria exagero
afirmar que o cinema brasileiro transita entre o cinema narrativo-mercadológico
e o cinema militante-identitário. (Sabemos também que não raras vezes o
identitário acabou infelizmente sendo tragado, absorvido, fagocitado ou cooptado
pelo mercado ou pelo circuito hegenômico, como mero clickbait para se angariar likes pelo politicamente correto ou
financiamento pelos editais, mas essa é uma outra conversa mais delicada...) Se
alguns ficaram incomodados com o suposto excessivo falocentrismo e o excesso de
pênis nas telas, esse falocentrismo se afastou tanto do “cinema de lacração”
quanto da “denúncia edificante” vista em boa parte dos eventos mais ou menos
“progressistas” de nossos festivais de cinema. E é na conjugação desses dois
pontos que considero que Tiradentes, nessa edição, se movimentou aproximando-se
mais do Ecrã do que de Brasília. Talvez esta seja a edição que mais sentimos a
marca da presença de Francis Vogner dos Reis como coordenador curatorial, desde
que se estabeleceu nessa posição, após a saída de Cleber Eduardo.
Talvez esta edição de Tiradentes
tenha sido marcada pelo legado de dois filmes bastante radicais. Um minuto é uma eternidade para quem está
sofrendo, de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro; e Kickflip, de Lucca Filippin. Dois filmes
que utilizam uma suposta precariedade dos seus meios de produção para produzir
ensaios, entre a ficção e o documental, entremeados pela performance. Há algo
performático de como esses filmes possuerm a consciência de autoencenar seus
contextos afetivos e sociais para além dos manuais sociopolíticos ou ainda
afastando-se dabordagem do “cinema afetivo”. Em ambos os filmes, a precariedade
dialoga de forma íntima com certa sensação de amadorismo. A precariedade é
radical; a relação entre cinema e vida é esgarçada, impedindo qualquer relação
de unidade e todo, desenvolvimento ou progressão, mas numa aposta profunda pelo
fragmento do instante, pela potência do tempo presente. Não seria exagero se
pensássemos ambos os filmes como blocos de sensações polimorfos, dispersos,
descontínuos. A montagem desses filmes estabelece relações difusas, frustrando
o espectador que busca relações de ancoragem. Nesse sentido, Kickflip é ainda mais radical que Um minuto..., este guiado pelo carisma
ambíguo de seu protagonista. Kickflip
opera numa lógica muito particular entre o esvaziamento e o pertencimento,
entre o íntimo e o distante, entre o interior e o exterior, para promover um
exame complexo das relações de comunidade de um grupo de jovens do interior
paulista. Não há narrativa de amadurecimento; não há percurso ou trajetória de
desenvolvimento ou de “formação de consciência”; não há relações sociais
típicas de pertencimento; não há contextos sociais ou psicológicos de chave de
leitura explícita; não há ancoragem com referências artísticas ou
cinematográficas a priori (como Ythaca
se referia a Vento do Leste). Em Kickflip, os jovens não chegam a lugar
algum, não amadurecem, não se transformam ao longo da narrativa – não há nada a
não ser o compartilhamento do seu tempo presente, com todo o vazio e toda a
potência – não há pote de ouro, não há transformação ou descoberta. A relação
com o espaço e tempo – extremamente inventiva – desorienta o espectador que
busca as relações de ancoragem mais tradicionais. Ainda assim, esse grupo de
jovens vive, cria, tentam se divertir, tentam fazer a manobra anunciada pelo
título, ainda que fracassem, não importa bem se conseguem ou não, continuam
fazendo, repetem, não para aperfeiçoar e “aprender com o fracasso” mas
simplesmente para por-se em movimento, e isso só já basta, e é só.
Já o complexo Um minuto...
apresenta-se a princípio como um documentário-ensaio em forma de diário sobre o
cotidiano de Wesley Pereira de Castro trancafiado em casa durante a pandemia.
Mas, por trás do diário, desvela-se um filme extremamente complexo e ambíguo, um
ensaio sobre um personagem em condições sócioeconômicas e psicossociais muito
precárias que busca, ainda assim, manter-se são, vivendo a vida possível. Ele
talvez precise autoperformar a sua exposição narcísica – quase um alter ego de Gloria
Swanson mas num sentido muito mais precarizado – para continuar vivendo, porque
é tudo que se tem. É preciso inventar um personagem de si mesmo, é preciso
inventar um filme, para se manter a ilusão de que se deve prosseguir persistindo,
apostando na validade da vida. Expor-se como último refúgio possível: a
autoperformance em comicidade derrisória mas também expiatória surge como
válvula do desespero. Uma poética do desespero (um pouco como, em outra chave,
é o personagem de Tavinho Teixeira em Batguano
returns). Uma gargalhada diante do abismo. Rir: crise enfrentada sem
angústia, sem chave moralizante, sem sacrifício para a redenção. Autoperformance
como exposição. Ex-por-se.
Narciscismo como antinarcisismo. Apostar tudo na potência do instante, viver um
dia de cada vez – viver da arte (os livros e filmes) e da criação mas também
lavar a louça, cuidar dos animais... Temor e Tremor. O sublime. É preciso ver Um minuto... por sua poética.
Mas esta edição de Tiradentes não deve ser reduzida a esses dois filmes tão jovens, mas a outros conjunto de tendências mais difusas e, por serem menos aderentes às tendências do momento, tendem a ser menos comentadas – do neostraubiano O mundo dos mortos, de Pedro Tavares, ao neobressoniano As muitas mortes de Antonio Parreiras, de Lucas Parente. Do neobarroco Resumo da ópera ao eslavo Margeado. Da polissemia política de Deuses da Peste ao surpreendente Batguano returns. Do imenso panorama de cinefilia de Relâmpagos de críticas, murmúrios de metafísica, de Julio Bressane ao grande tour de force de Odradek, de Guilherme de Almeida Prado. Ao final, a pergunta “Que cinema é esse?” permanece ressoando...
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* *
Tiradentes é um palco de debates
e de disputas, e os debates continuam ressoando... Nesse balanço, me omiti
sobre um filme que acabou tendo holofotes não pela obra em si mas pelo hype de
polêmica. Não vi o filme nem o debate. Minha Tiradentes não passou por esse
momento. Preferi concentrar minha energia em outros aspectos.
Gostaria de escrever ou comentar
sobre tantos outros filmes e momentos, outros longas e também curtas, muitos
curtas, mas não tive fôlego pelo menos nesse momento. Gostaria de rever filmes
e ter um tempo para decantar todas as sensações. Mas a vida continua, o tempo
não para, preciso viajar, assinar documentos, pagar contas, enfrentar tantos
obstáculos e desafios e todas as coisas-mundo que ainda virão.
São tantos encontros e sensações.
Rever amigos. Torcer por eles, mas sem deixar de analisá-los criticamente. Conhecer
novos amigos e romper com outros. Enfrentar de frente os rompimentos. Não como
superação dos ressentimentos, mas para promover um recorte mais saudável
daquilo que me toca e me interessa prosseguir. Escolher caminhos e apostar
neles – independentemente para onde irão me levar – foram sempre assim minhas escolhas
críticas. Intuição e desejo. Será que, mesmo depois de todo o arfar e todo o
peso do percurso, ainda posso me apaixonar? Ainda posso me surpreender? Se
tremo ao ofegar, é porque o caminho ainda me afeta, é porque ainda teimo em
prosseguir. Estava mais desanimado. Esta edição de Tiradentes me fez perceber
que ainda posso ter energia para dialogar com o presente. Se consigo conversar
com Kickflip, posso firmar minhas esperanças
no presente.
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