PETAL DANCE
Não sei se HIROSHI ISHIKAWA conseguirá dar continuidade à sua filmografia como realizador, mas admiro o trabalho desse diretor japonês pouquíssimo conhecido no Brasil. PETAL DANCE, seu último filme, dá continuidade à sua filmografia, ainda que não tenha a potência de seus dois filmes anteriores TOKYO.SORA e SUKIDA, que já comentei por aqui. Ishikawa tenta equilibrar aspectos tipicamente japoneses com uma abordagem próxima ao cinema contemporâneo ocidental. Sua missão é encontrar uma forma de encenação que mostre personagens (sempre femininas) que têm dificuldade de expressar os sentimentos, mas que, ainda assim, percebem que é preciso fazê-lo. Que não podem viver sozinhas, ou seja, que precisam do outro, então, é preciso falar, é preciso dizer uma palavra, é preciso fazer um gesto. Ao mesmo tempo, esse gesto é difícil. O humanismo do cinema de Ishikawa nasce de uma necessidade de preencher o vazio desses personagens a partir da consciência de um movimento do corpo (voz ou gesto). Embate no interior do plano, entre a contemplação, a câmera estática e a duração do plano, e, de outro lado, com o movimento do corpo, o movimento do mundo, esse gesto adormecido que precisa ser dado. Equilíbrio entre o Oriente e o Ocidente - como encenar esse gesto incompleto? Esse é o desafio do cinema de Ishikawa. Em PETAL DANCE às vezes Ishikawa cai nos cacoetes do "cinema da delicadeza", mas nos momentos em que ele consegue - especialmente na parte final, em que as quatro personagens se encontram na praia - o filme consegue encenar esses silêncios de forma potente, sempre em tom menor.
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