mais sobre Jabor
Eu entendo perfeitamente quanto Jabor diz que fez seu filme não interessado no passado, mas no presente. Mas é como se Jabor não estivesse interessado no “presente”, mas apenas no “presente dele”, isto é, A Suprema Felicidade não é um filme jovem, é um filme velho. Ela olha para o presente de uma perspectiva pouco alinhada com o presente, mas com o passado. Ele olha para o presente com um olhar passadista.
Isto não é uma mera questão de idade (Zhang-Ke tem trinta e poucos anos; Jabor, sessenta e tantos). Penso por exemplo no filme de Nolot: um velho (ele próprio) que olha para o presente com melancolia e se lembra do passado. Acontece que Nolot não tem um olhar passadista, pela forma como ele olha para o seu presente, ou seja, pelas suas soluções de ENCENAÇÃO. Tudo no filme de Nolot se reflete numa forma ÉTICA de encenar (de se “autoencenar”) DE FRENTE.
Em suma: enquanto Jabor encerra seu filme com seu personagem dançando numa gafieira imaginada, de costas para o presente, Nolot prefere fazer seu personagem (no caso, ele mesmo, ator-autor-personagem) entrar no Pigalle travestido de mulher, ou seja, uma “gafieira do presente”, REAL, que ele nunca teve coragem de entrar (o “bar dos negros” de Clube dos Cafajestes...). Nolot abraça esse presente, consciente de toda a dificuldade dessa opção, de toda a fragilidade, a precariedade, e de sua própria decadência física, psicológica, emocional. Abraça seu desejo (mórbido, doentio, pervertido, libertador, esperançoso, redentor) DE FORMA ÉTICA E DE FRENTE, sem se esquivar de si mesmo, mesmo que doa.
Jabor prefere que não doa. Não quer mais sentir dor voluntariamente. Prefere o imediatismo do jornalismo e viver com mais conforto. Entendo perfeitamente, e isso fala não só de si próprio mas (o que me interessa propriamente) DE UMA TRAJETÓRIA DE UM BRASIL E DE UM CINEMA BRASILEIRO.
Acontece que dói do mesmo jeito. Viver o tempo todo sob o efeito da morfina. Talvez doa até mais. Eu só sei que EU (moleque jovem) – até mesmo pelas decisões recentes que tomei em minha vida – prefiro tentar entrar no Pigalle.
Isto não é uma mera questão de idade (Zhang-Ke tem trinta e poucos anos; Jabor, sessenta e tantos). Penso por exemplo no filme de Nolot: um velho (ele próprio) que olha para o presente com melancolia e se lembra do passado. Acontece que Nolot não tem um olhar passadista, pela forma como ele olha para o seu presente, ou seja, pelas suas soluções de ENCENAÇÃO. Tudo no filme de Nolot se reflete numa forma ÉTICA de encenar (de se “autoencenar”) DE FRENTE.
Em suma: enquanto Jabor encerra seu filme com seu personagem dançando numa gafieira imaginada, de costas para o presente, Nolot prefere fazer seu personagem (no caso, ele mesmo, ator-autor-personagem) entrar no Pigalle travestido de mulher, ou seja, uma “gafieira do presente”, REAL, que ele nunca teve coragem de entrar (o “bar dos negros” de Clube dos Cafajestes...). Nolot abraça esse presente, consciente de toda a dificuldade dessa opção, de toda a fragilidade, a precariedade, e de sua própria decadência física, psicológica, emocional. Abraça seu desejo (mórbido, doentio, pervertido, libertador, esperançoso, redentor) DE FORMA ÉTICA E DE FRENTE, sem se esquivar de si mesmo, mesmo que doa.
Jabor prefere que não doa. Não quer mais sentir dor voluntariamente. Prefere o imediatismo do jornalismo e viver com mais conforto. Entendo perfeitamente, e isso fala não só de si próprio mas (o que me interessa propriamente) DE UMA TRAJETÓRIA DE UM BRASIL E DE UM CINEMA BRASILEIRO.
Acontece que dói do mesmo jeito. Viver o tempo todo sob o efeito da morfina. Talvez doa até mais. Eu só sei que EU (moleque jovem) – até mesmo pelas decisões recentes que tomei em minha vida – prefiro tentar entrar no Pigalle.
Comentários
Acontece amanhã, 8 de novembro, em toda a Rede Cinermark (428 salas dos 52 complexos) o XI Projeta Brasil Cinemark que exibirá as principais produções brasileiras lançadas entre novembro de 2009 e outubro de 2010. Os espectadores poderão assistir a filmes nacionais por apenas R$ 2. Entre os longas-metragens do XI Projeta Brasil estão títulos como ‘Tropa de elite 2’, ‘Nosso Lar’, ‘Chico Xavier’, ‘Sonhos Roubados’, ‘Xuxa em O Mistério de Feiurinha’ e ‘É proibido Fumar’. Ao todo, mais de 30 filmes estarão disponíveis para o espectador. A programação completa e demais informações você encontra no site do Projeta Brasil: http://www.cinemark.com.br/acao/projetabrasil.html. O vídeo está disponível para link ou download no YouTube: http://migre.me/23oOA