ainda sobre tropa de elite 2

Palavra-chave dos dias de hoje: NEGOCIAÇÃO. O código de ética do treinado André Mathias não dá mais conta das necessidades do mundo atual. O Capitão Nascimento rompe com Matias, embora sinta muito por romper com algo que ele próprio construiu. Agora, o Capitão Nascimento precisa deixar de ser o “policial técnico” e agir como um “policial político”: o rígido código de ética de Mathias não levou a nada, além de sua própria morte. Pior: ingênuo, acabou sendo usado pelo sistema, por sua competência técnica, mas quando não mais lhe serviu, cuspiu-o fora. Esse “recuo estratégico” do Capitão Nascimento no entanto não é agradável, dói fazê-lo. Seu semblante diz tudo. Há um momento no filme em que isso é problematizado: Mathias diz ao Capitão Nascimento que ele não vai mudar o sistema, e sim o sistema é que vai mudá-lo, se é que já não o mudou. Essa talvez seja a frase mais dura de todo o filme. Mas esqueçamo-la, pois Tropa de Elite 2 é um filme romântico: o Capitão arrisca abrir mão de sua coerência, de sua família, de sua própria vida para tentar combater “os verdadeiros inimigos”, para tentar “construir um mundo melhor”. Capitão Nascimento é um idealista. Só que é um idealista que aprendeu a “dançar conforme a música”, a “se sujar com a realidade”, ou ainda, vê-la de uma perspectiva mais complexa, multifacetada. Para tentar mudar as coisas de verdade, é preciso se sujar. Se sujar mesmo, de verdade, não tem jeito. Esse novo “pragmatismo da esquerda” vem ecoando dos governos para as empresas, para as instituições, para as relações entre vizinhos, para as famílias, para as relações amorosas, para os indivíduos. É o romantismo do século XXI, a palavra de ordem dos nossos tempos.

André Mathias, c´est moi!

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