o mundo é belo (ou o céu de fortaleza)
Ontem eu tive uma breve conversa com a Natália da Unifor, e essa conversa me deu vontade de escrever um pouco sobre O MUNDO É BELO, do Luiz Pretti, recém selecionado para o Festival de Veneza, e ainda inédito no Brasil. Tenho a impressão, ainda que possa ser um mero delírio egocêntrico – a ser confirmado pelo autor – que esse curta é uma espécie de prolongamento de uma vídeo-carta que o Luiz mandou para mim. Essa carta, por sua vez, é uma resposta (um retorno, um diálogo) a uma série de vídeo-cartas que mandei para os amigos cearenses ao longo de quase um ano, um conjunto de seis vídeo-cartas, e que geraram essa única resposta filmada. Ainda assim, acredito, como cheguei a falar anteriormente, que as respostas a essas cartas foram múltiplas e íntimas, ainda que não tenham gerado um conjunto de outras vídeo-cartas, mas são retornos mais sutis e inconcrescíveis, que resultou também, em última instância, em minha própria presença física aqui no Ceará. De todo modo, a própria seleção de O MUNDO É BELO para o Festival de Veneza sinaliza uma resposta concreta, se for possível essa associação entre essa vídeo-carta do Luiz com o curta em questão.
A afirmação de que essa associação existe se baseia em três coisas, que na verdade são uma só, e são múltiplas: a de que ambos os curtas são cartas, feitas com uma câmera precária (uma cybershot ou uma câmera de celular, o que dá na mesma) e especialmente o singelo fato de que ambos os curtas são filmes sobre o céu de Fortaleza.
O MUNDO É BELO é uma carta, ou seja, é um curta que poderia se chamar “crônica de uma separação” ou ainda “crônica de um relacionamento”. Com isso, quero dizer que uma outra forma de ver esse curta é considerá-lo como um epílogo, ou ainda, como um prelúdio. De outra forma, posso dizer que O MUNDO É BELO é sobre não tanto a dificuldade mas essencialmente a necessidade de dizer uma palavra ao outro, e dessa forma, dizer uma palavra a nós mesmos. Para tanto, é preciso saber observar.
Assim como a vídeo-carta, O MUNDO É BELO é repleto de imagens de céus e uma voz-over confessional que expira os pensamentos do autor. Acontece que não são imagens de um céu qualquer, e sim imagens do céu de Fortaleza, e isso para o autor tem um sentimento particular, apesar de que a cidade não seja a sua cidade natal, mas talvez seja mais forte do que isso. Não existe uma nostalgia, uma melancolia, mas um desejo de ver, um desejo de estar e um desejo de ser. Um desejo de pertencimento a algo que não necessariamente se é.
As pessoas que moram ou que já passaram por Fortaleza sabem que é quase impossível caminhar pela cidade à tarde, quando o sol queima a moela dos passantes. A vídeo-carta era sobre, ainda assim, a possibilidade de ver esse céu e ver esse sol como uma potência. Uma possibilidade de conviver, de olhar para esse sol. Uma necessidade de continuar caminhando, apesar do sol, ainda com o sol.
Mas o sol é duro, e a cidade é dura, tão dura quanto o sol. Ainda assim, é preciso continuar caminhando, continuar pensando sobre o sol. As imagens, da mesma forma, são tão duras quanto o sol. A câmera de celular, o cybershot, filmam o sol (o céu) sem lentes ou filtros que envolvem esse céu-sol numa beleza plástica, na plasticidade da imagem. Há um olhar duro, pixelado, fragmentado, para esse objeto-coisa. E ainda assim existe uma enorme beleza nesse sol-cidade.
A seleção de O MUNDO É BELO para o prestigioso Festival de Veneza não faz o filme melhor ou pior. Mas aponta para uma coisa fantástica, destaca o curta num cenário da realização do audiovisual brasileiro, mostra caminhos e perspectivas concretas. E o mais importante: mostra que isso é possível sem “tapar o sol com a peneira”, olhando de frente para esse sol duro. O MUNDO É BELO é um curta praticamente todo feito por uma única pessoa, com um câmera cybershot, sem leis de incentivo. Não é um cartão-postal do sertão cearense: é um filme duro e precário. Sim, precário, cru. Mas a beleza desse curta é apontar que essa precariedade seja um sintoma da beleza do mundo. A beleza não está propriamente nos pixels que compõem a imagem (na imagem em si) mas essencialmente numa FORMA DE OLHAR para as imagens, que é em última instância UMA FORMA DE ESTAR NO MUNDO. Para ver a beleza de O MUNDO É BELO, é preciso saber observar. Resta-nos saber se estamos preparados para isso.
A afirmação de que essa associação existe se baseia em três coisas, que na verdade são uma só, e são múltiplas: a de que ambos os curtas são cartas, feitas com uma câmera precária (uma cybershot ou uma câmera de celular, o que dá na mesma) e especialmente o singelo fato de que ambos os curtas são filmes sobre o céu de Fortaleza.
O MUNDO É BELO é uma carta, ou seja, é um curta que poderia se chamar “crônica de uma separação” ou ainda “crônica de um relacionamento”. Com isso, quero dizer que uma outra forma de ver esse curta é considerá-lo como um epílogo, ou ainda, como um prelúdio. De outra forma, posso dizer que O MUNDO É BELO é sobre não tanto a dificuldade mas essencialmente a necessidade de dizer uma palavra ao outro, e dessa forma, dizer uma palavra a nós mesmos. Para tanto, é preciso saber observar.
Assim como a vídeo-carta, O MUNDO É BELO é repleto de imagens de céus e uma voz-over confessional que expira os pensamentos do autor. Acontece que não são imagens de um céu qualquer, e sim imagens do céu de Fortaleza, e isso para o autor tem um sentimento particular, apesar de que a cidade não seja a sua cidade natal, mas talvez seja mais forte do que isso. Não existe uma nostalgia, uma melancolia, mas um desejo de ver, um desejo de estar e um desejo de ser. Um desejo de pertencimento a algo que não necessariamente se é.
As pessoas que moram ou que já passaram por Fortaleza sabem que é quase impossível caminhar pela cidade à tarde, quando o sol queima a moela dos passantes. A vídeo-carta era sobre, ainda assim, a possibilidade de ver esse céu e ver esse sol como uma potência. Uma possibilidade de conviver, de olhar para esse sol. Uma necessidade de continuar caminhando, apesar do sol, ainda com o sol.
Mas o sol é duro, e a cidade é dura, tão dura quanto o sol. Ainda assim, é preciso continuar caminhando, continuar pensando sobre o sol. As imagens, da mesma forma, são tão duras quanto o sol. A câmera de celular, o cybershot, filmam o sol (o céu) sem lentes ou filtros que envolvem esse céu-sol numa beleza plástica, na plasticidade da imagem. Há um olhar duro, pixelado, fragmentado, para esse objeto-coisa. E ainda assim existe uma enorme beleza nesse sol-cidade.
A seleção de O MUNDO É BELO para o prestigioso Festival de Veneza não faz o filme melhor ou pior. Mas aponta para uma coisa fantástica, destaca o curta num cenário da realização do audiovisual brasileiro, mostra caminhos e perspectivas concretas. E o mais importante: mostra que isso é possível sem “tapar o sol com a peneira”, olhando de frente para esse sol duro. O MUNDO É BELO é um curta praticamente todo feito por uma única pessoa, com um câmera cybershot, sem leis de incentivo. Não é um cartão-postal do sertão cearense: é um filme duro e precário. Sim, precário, cru. Mas a beleza desse curta é apontar que essa precariedade seja um sintoma da beleza do mundo. A beleza não está propriamente nos pixels que compõem a imagem (na imagem em si) mas essencialmente numa FORMA DE OLHAR para as imagens, que é em última instância UMA FORMA DE ESTAR NO MUNDO. Para ver a beleza de O MUNDO É BELO, é preciso saber observar. Resta-nos saber se estamos preparados para isso.
Comentários
adoro!!!!