Tirador
Tirador
de Brillante Mendoza
*
Mais um filme do realizador filipino Brillante Mendoza, agora em moda depois de dois filmes consecutivos em Cannes. Mendoza realizou sete filmes num período recente de três anos. Além de Serbis, Tirador, de 2007, é um deles, e comprova várias semelhanças com Serbis, e evidencia o método de trabalho e o olhar de Mendoza. Tirador reúne um conjunto de histórias de personagens tendo em comum o mesmo espaço físico: todos tentam sobreviver e arranjar dinheiro em trambiques numa favela em Manilla. Assim como Serbis, Tirador trabalha com situações-limite, uma enorme sedução por um submundo, um conjunto de personagens, história entrecruzadas num mesmo espaço físico, uma câmera visceral em longos planos-sequência bastante elaborados, um gosto pela linguagem e pelo risco, um final estilhaçado. Da mesma forma, uma certa estetização do abjeto, um cinema que explora de forma esperta a precariedade. De qualquer forma, é nítida a precariedade de recursos e surpreende como Mendoza transforma um roteiro extremamente banal em situações com soluções visuais criativas e estimulantes. Essa atração pela linguagem e o “rebuliço” que se cria a partir de recursos materiais precários é sem dúvida o grande mérito do cinema de Mendoza, ainda que seu cinema parta de pressupostos um tanto desgastados, especialmente em relação a um olhar para uma periferia: um olhar distanciado, que prefere julgar e rir com os personagens do que de fato compreendê-los, do que de fato respirar com eles. Mas ainda que eu não compartilha com seus pressupostos, Tirador comprova que Mendoza sabe o que quer e que tem fôlego para tentar desenvolver seu estilo cinematográfico a um fôlego maior, coisa que ele já conseguiu mais em Serbis do que aqui, ainda que não seja nada desprezível.
de Brillante Mendoza
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Mais um filme do realizador filipino Brillante Mendoza, agora em moda depois de dois filmes consecutivos em Cannes. Mendoza realizou sete filmes num período recente de três anos. Além de Serbis, Tirador, de 2007, é um deles, e comprova várias semelhanças com Serbis, e evidencia o método de trabalho e o olhar de Mendoza. Tirador reúne um conjunto de histórias de personagens tendo em comum o mesmo espaço físico: todos tentam sobreviver e arranjar dinheiro em trambiques numa favela em Manilla. Assim como Serbis, Tirador trabalha com situações-limite, uma enorme sedução por um submundo, um conjunto de personagens, história entrecruzadas num mesmo espaço físico, uma câmera visceral em longos planos-sequência bastante elaborados, um gosto pela linguagem e pelo risco, um final estilhaçado. Da mesma forma, uma certa estetização do abjeto, um cinema que explora de forma esperta a precariedade. De qualquer forma, é nítida a precariedade de recursos e surpreende como Mendoza transforma um roteiro extremamente banal em situações com soluções visuais criativas e estimulantes. Essa atração pela linguagem e o “rebuliço” que se cria a partir de recursos materiais precários é sem dúvida o grande mérito do cinema de Mendoza, ainda que seu cinema parta de pressupostos um tanto desgastados, especialmente em relação a um olhar para uma periferia: um olhar distanciado, que prefere julgar e rir com os personagens do que de fato compreendê-los, do que de fato respirar com eles. Mas ainda que eu não compartilha com seus pressupostos, Tirador comprova que Mendoza sabe o que quer e que tem fôlego para tentar desenvolver seu estilo cinematográfico a um fôlego maior, coisa que ele já conseguiu mais em Serbis do que aqui, ainda que não seja nada desprezível.
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