La teta asustada
A teta assustada
de Claudia Llosa
*
Vencedor do Urso de Ouro em Berlim, o peruano A Teta Assustada merece interesse mais pelo fato de ser peruano do que propriamente pelo que apresenta em termos de cinema. Com isso, não quero dizer que o filme seja anacrônico em relação ao que se apresenta em termos de cinema atual no top de linha dos festivais internacionais. Ao contrário, o problema do filme é exatamente este, o de se circunscrever demais aos limites do cinema “da periferia”. Ou seja, o filme domina com grande habilidade os elementos de sempre do “cinema internacional”, sendo um típico caso do modelo de co-produção entre um país latino-americano e um país europeu. Mas acaba não trazendo nenhum sopro de verdade, nenhum olhar verdadeiro ao que é de fato esse país distante chamado Peru. “A teta assustada” faz referência a uma geração nascida vítima de estupros durante a ditadura militar peruana (o termo de fato é um pouco mais complicado que isso). Então, de um lado, o filme faz essa denúncia política ao atraso do passado do país. De outro, apresenta uma pobre mulher vitimizada e explorada pelos mais ricos, simbolizados pela dona da casa em que a protagonista trabalha, uma pianista talentosa mas escrota e sovina. Mas para não ficar tudo muito triste, há uma parte que mostra um conjunto de casamentos, a parte “bem-humorada” do filme, que mostra o “exotismo e o caráter pitoresco” do povo peruano. Entre essas três vertentes, a denúncia política, o cinema social didático à Loach e a exaltação do exotismo, A Teta Assustada é cinema pronto e embalado para os festivais internacionais. Para não dizer que tudo é péssimo, há a brilhante atuação de contenção da atriz principal, e um certo tempo de espera, um certo cinema de meias-pausas, antenado com um certo cinema contemporâneo, e em alguns momentos um uso interessante da linguagem cinematográfica, especialmente no som, apontando para o espaço fora de quadro (por exemplo, a criativa e econômica cena quando descobrimos que se trata do camarim da pianista). Esses elementos apontam para um certo interesse do filme em termos de artesania, embora seu projeto de forma mais ampla esteja desde o início totalmente comprometido.
de Claudia Llosa
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Vencedor do Urso de Ouro em Berlim, o peruano A Teta Assustada merece interesse mais pelo fato de ser peruano do que propriamente pelo que apresenta em termos de cinema. Com isso, não quero dizer que o filme seja anacrônico em relação ao que se apresenta em termos de cinema atual no top de linha dos festivais internacionais. Ao contrário, o problema do filme é exatamente este, o de se circunscrever demais aos limites do cinema “da periferia”. Ou seja, o filme domina com grande habilidade os elementos de sempre do “cinema internacional”, sendo um típico caso do modelo de co-produção entre um país latino-americano e um país europeu. Mas acaba não trazendo nenhum sopro de verdade, nenhum olhar verdadeiro ao que é de fato esse país distante chamado Peru. “A teta assustada” faz referência a uma geração nascida vítima de estupros durante a ditadura militar peruana (o termo de fato é um pouco mais complicado que isso). Então, de um lado, o filme faz essa denúncia política ao atraso do passado do país. De outro, apresenta uma pobre mulher vitimizada e explorada pelos mais ricos, simbolizados pela dona da casa em que a protagonista trabalha, uma pianista talentosa mas escrota e sovina. Mas para não ficar tudo muito triste, há uma parte que mostra um conjunto de casamentos, a parte “bem-humorada” do filme, que mostra o “exotismo e o caráter pitoresco” do povo peruano. Entre essas três vertentes, a denúncia política, o cinema social didático à Loach e a exaltação do exotismo, A Teta Assustada é cinema pronto e embalado para os festivais internacionais. Para não dizer que tudo é péssimo, há a brilhante atuação de contenção da atriz principal, e um certo tempo de espera, um certo cinema de meias-pausas, antenado com um certo cinema contemporâneo, e em alguns momentos um uso interessante da linguagem cinematográfica, especialmente no som, apontando para o espaço fora de quadro (por exemplo, a criativa e econômica cena quando descobrimos que se trata do camarim da pianista). Esses elementos apontam para um certo interesse do filme em termos de artesania, embora seu projeto de forma mais ampla esteja desde o início totalmente comprometido.
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