A Mulher Invisível
A Mulher Invisível
de Cláudio Torres
Odeon
* ½
Vi A Mulher Invisível. O filme é uma comédia romântica um tanto debochada, que lembra de longe O Amor É Cego, dos Irmãos Farrely, mas sem “a crítica ao bom gosto” típica dos irmãos. Um filme correto mas que tenta mesclar uma base realista com uma não-realista mas sem muita inspiração.
Mas o que quero apontar aqui, e que é perceptível para todos os que viram o filme, é a dificuldade de o filme encontrar o seu final. Em diversas vezes o espectador tem a impressão de que o filme irá acabar, e ele se prolonga, com uma virada a mais, com um recurso a mais, o que acaba “arrastando” o filme, e complicando sua recepção em termos comerciais.
Essa dúvida se espalha entre três possibilidades: 1) que o Selton Mello fique com “a mulher real”, sua vizinha Vitoria, como tudo aponta; 2) que ele fique com “a mulher invisível”, Amanda, a Luana Piovani, já que como a realidade é muito complicada, é melhor ficar com a mulher perfeita, ainda que ela não exista; 3) acabar sozinho.
Mas o que parece interessante em A Mulher Invisível é que a dúvida desse personagem acaba refletindo uma dúvida do próprio diretor, do próprio filme em se decidir que rumo se deve seguir. Essa dúvida entre que rumo seguir nos lembra – comparando a grosso modo – até mesmo os filmes do Rohmer (veja aqui por exemplo uma análise em Conto de Verão). Mas enquanto Rohmer trazia a dúvida como motor de sua narrativa, no caso do filme de Claudio Torres, essa dúvida imobiliza a narrativa, confunde, desnorteia o espectador, perdido entre as tantas possibilidades que o roteiro oferece e que se esforça ao máximo em não fechar nenhuma delas, prolongando a dúvida até quase ao limite do insuportável.
É como se a dúvida desse personagem contaminasse a estrutura do próprio filme.
Não é à-toa que uma das saídas encontradas pelo filme é o próprio processo de criação, é transformar a mulher invisível em um roteiro (lembramos uma cena anterior passada no interior de um cinema). Quando o personagem de Selton Mello escreve o roteiro de “A Mulher Invisível”, ele passa a se confundir com o próprio diretor do filme. Desiludido pelos confusos rumos da “vida real”, bem que Selton Mello poderia escolher ficar com Luana Piovani, no final dentro da banheira do seu apartamento. Mas talvez esse final seja pessimista demais para os propósitos comerciais do filme. Entre o real e o imaginário, entre o cinema comercial e o autoral, Claudio Torres escolhe a dúvida. A Mulher Invisível acaba num dos mais falsos finais do cinema brasileiro recente. Um livro falso, com o título de Vitória, um encontro falso no interior de Minas Gerais, encenado à frente de uma janelinha com a natureza e o mato ao fundo. Um falso final feliz (como em Imitação da Vida, como em A Última Gargalhada): é como se o espectador pudesse escolher o seu final.
E o meu final, certamente é aquele dentro da banheira com a Luana Piovani.
de Cláudio Torres
Odeon
* ½
Vi A Mulher Invisível. O filme é uma comédia romântica um tanto debochada, que lembra de longe O Amor É Cego, dos Irmãos Farrely, mas sem “a crítica ao bom gosto” típica dos irmãos. Um filme correto mas que tenta mesclar uma base realista com uma não-realista mas sem muita inspiração.
Mas o que quero apontar aqui, e que é perceptível para todos os que viram o filme, é a dificuldade de o filme encontrar o seu final. Em diversas vezes o espectador tem a impressão de que o filme irá acabar, e ele se prolonga, com uma virada a mais, com um recurso a mais, o que acaba “arrastando” o filme, e complicando sua recepção em termos comerciais.
Essa dúvida se espalha entre três possibilidades: 1) que o Selton Mello fique com “a mulher real”, sua vizinha Vitoria, como tudo aponta; 2) que ele fique com “a mulher invisível”, Amanda, a Luana Piovani, já que como a realidade é muito complicada, é melhor ficar com a mulher perfeita, ainda que ela não exista; 3) acabar sozinho.
Mas o que parece interessante em A Mulher Invisível é que a dúvida desse personagem acaba refletindo uma dúvida do próprio diretor, do próprio filme em se decidir que rumo se deve seguir. Essa dúvida entre que rumo seguir nos lembra – comparando a grosso modo – até mesmo os filmes do Rohmer (veja aqui por exemplo uma análise em Conto de Verão). Mas enquanto Rohmer trazia a dúvida como motor de sua narrativa, no caso do filme de Claudio Torres, essa dúvida imobiliza a narrativa, confunde, desnorteia o espectador, perdido entre as tantas possibilidades que o roteiro oferece e que se esforça ao máximo em não fechar nenhuma delas, prolongando a dúvida até quase ao limite do insuportável.
É como se a dúvida desse personagem contaminasse a estrutura do próprio filme.
Não é à-toa que uma das saídas encontradas pelo filme é o próprio processo de criação, é transformar a mulher invisível em um roteiro (lembramos uma cena anterior passada no interior de um cinema). Quando o personagem de Selton Mello escreve o roteiro de “A Mulher Invisível”, ele passa a se confundir com o próprio diretor do filme. Desiludido pelos confusos rumos da “vida real”, bem que Selton Mello poderia escolher ficar com Luana Piovani, no final dentro da banheira do seu apartamento. Mas talvez esse final seja pessimista demais para os propósitos comerciais do filme. Entre o real e o imaginário, entre o cinema comercial e o autoral, Claudio Torres escolhe a dúvida. A Mulher Invisível acaba num dos mais falsos finais do cinema brasileiro recente. Um livro falso, com o título de Vitória, um encontro falso no interior de Minas Gerais, encenado à frente de uma janelinha com a natureza e o mato ao fundo. Um falso final feliz (como em Imitação da Vida, como em A Última Gargalhada): é como se o espectador pudesse escolher o seu final.
E o meu final, certamente é aquele dentro da banheira com a Luana Piovani.
Comentários
Principalmente o final que não chega ou o final que espectador escolhe. No momento em que Selton volta para a casa com Luana na banheira, parece o final do filme, mas acabam prolongando e o filme parece sem fim.
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