post à la Kafka
(um primeiro post com manifesta influência de minha atentíssima leitura de Carta ao Pai, do Kafka - explicando, já à maneira de Kafka: as frases habilmente sinuosas, esticadas quase até o seu limite, o rigor da construção formal, a metalinguagem, a tendência à exemplificação através da enumeração, as questões existenciais sobre si mesmo, a necessidade de ir fundo, bem além das superfícies, a retórica ao mesmo tempo formal e íntima, a sutilmente fina ironia, a extrema precisão, o asfixiante final de cada parágrafo.)
As pessoas que vêem este blog justamente como um site de crítica não percebem o seu sentido primordial: o de ser, para falar nos meus termos, justamente um diário. Aqui não me importa falar dos filmes que estrearam nas salas de cinema, falar das novas tendências do cinema contemporâneo, da particularidade do cinema japonês, ou coisas do tipo, ou melhor, só me importa falar de tudo isso na mesma medida em que me obriga a falar de mim mesmo. Assim sendo, este blog, muito mais modesto do que aparenta, simplesmente é sobre meus amigos, sobre meu trabalho, sobre meus sonhos juvenis, sobre a minha forma de ver – ainda que desajeitadamente – o mundo e as pessoas, ou seja, é no fundo sobre o próprio processo de criação, é “um filme em processo de ser feito”, como diria Godard – e isso vai para o Rosemberg e para o Moacy Cirne, que uma vez me cobrou o fato de eu nunca ter citado Godard neste blog. Até que ponto este exercício pode ser de alguma valia a alguém que não seja a mim mesmo passa a ser a primeira consequência natural dessa decisão de escrever deste jeito, mas essa questão, embora não caiba a mim exatamente a forma mais adequada de respondê-la, não invalida de antemão a sua existência, ou pelo menos me parece mais confortável pensar assim, para eu possa continuar respirando sem enlouquecer ou simplesmente continuar respirando.
As pessoas que vêem este blog justamente como um site de crítica não percebem o seu sentido primordial: o de ser, para falar nos meus termos, justamente um diário. Aqui não me importa falar dos filmes que estrearam nas salas de cinema, falar das novas tendências do cinema contemporâneo, da particularidade do cinema japonês, ou coisas do tipo, ou melhor, só me importa falar de tudo isso na mesma medida em que me obriga a falar de mim mesmo. Assim sendo, este blog, muito mais modesto do que aparenta, simplesmente é sobre meus amigos, sobre meu trabalho, sobre meus sonhos juvenis, sobre a minha forma de ver – ainda que desajeitadamente – o mundo e as pessoas, ou seja, é no fundo sobre o próprio processo de criação, é “um filme em processo de ser feito”, como diria Godard – e isso vai para o Rosemberg e para o Moacy Cirne, que uma vez me cobrou o fato de eu nunca ter citado Godard neste blog. Até que ponto este exercício pode ser de alguma valia a alguém que não seja a mim mesmo passa a ser a primeira consequência natural dessa decisão de escrever deste jeito, mas essa questão, embora não caiba a mim exatamente a forma mais adequada de respondê-la, não invalida de antemão a sua existência, ou pelo menos me parece mais confortável pensar assim, para eu possa continuar respirando sem enlouquecer ou simplesmente continuar respirando.
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