Não há nenhuma palavra que me associe mais ao modo burguês de ser do que o “tédio”. Uma coisa é a “angústia”, outra coisa completamente diferente é o “tédio”, assim como uma coisa é a “consciência da gratuidade da vida” e outra é “viver conscientemente de modo gratuito”. O “tédio” está associado à superfície das coisas, a “angústia”, a um sentimento profundo, a um profundo conhecimento de si mesmo, enquanto o “tédio”, ao contrário, é um estranhamento diante do mundo e diante de si mesmo. A angústia me remete ao modo de ser oriental, ao expressionismo alemão, a um certo período marcado no tempo pelo existencialismo; o tédio me lembra de um certo trejeito americano ou ainda do pós-modernismo. O tédio é blasé; a angústia, serena humildade. O risco diante do cinema de Sofia Coppola, diante de uma obra-prima como Encontros e Desencontros é exatamente o de que essa angústia descambe em mero tédio. O que de antemão não o faz melhor ou pior, mas apenas está relacionado a como se vê o mundo, e qual o papel do cinema - ou ainda, da arte - diante dele.
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"As I was moving ahead ocasionally I saw very brief glimpses of beauty"
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Comentários
Ao que parece, vai ser mesmo um debate. E muito interessante de quem partiu essa idéia, de pegar essas três vertentes para falar sobre cinema. Três visões diferentes e, eu espero, complementares.
Abraço!