Meu nome não é Johnny

Bom, eu já vi o filme há um certo tempo, no ano passado, numa pré-estréia. Mas depois do episódio do Caminho das Nuvens, eu aprendi a só escrever sobre qualquer filme após seu lançamento comercial. Mas já passou o tempo, então vou escrever algo meio para constar.

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Eis o cinema comercial brasileiro. Não é melhor ou pior que qualquer cinema comercial do mundo. A gente pode tentar comparar A bússola de ouro, Conversas com meu jardineiro e Meu nome não é Johnny, mas no final vai dar tudo na mesma. Na verdade é claro que não dá na mesma, mas no fundo no fundo acaba sendo o mesmo filme, a mesma coisa.

A minha frustração com Meu nome não é Johnny é que ele poderia ser um bom filme. Poderia mesmo. Na minha visão, o filme poderia ser uma fábula sobre a ingenuidade do poder, sobre a falta de sentido do dinheiro, sobre a bobagem de querermos viver a vida sem regras, como se isso fosse um sinal de liberdade, quando no fundo é um sinal de aprisionamento. Na linha, por exemplo, do que Spielberg fez com Prenda-me se for capaz, que eu acho um grande filme. A frase-chave de Meu nome não é Johnny é quando um cara diz que seu sonho é ganhar um milhão de dólares e o Selton Mello retruca “e o meu é torrar um milhão de dólares”. Claro, por que o que adianta ganhar um milhão de dólares? Mas por outro lado, o que significa gastar um milhão de dólares? Selton Mello vai descobrindo que essas possibilidades são armadilhas, são uma grande ilusão, e o filme poderia ser esse percurso de encontro consigo mesmo.

Bobagem, porque esse é o filme que eu gostaria de ver, não o filme que eu vi. Meu nome não é Johnny não se interessa por nada disso, ele procura o que as pessoas querem ver: uma abordagem leve e superficial da vida de ‘bon vivant’ desse jovem. Ou seja, nada de mergulho no submundo das drogas ou do tráfico, ou do preço pago nesse percurso. Um exemplo disso é como as cenas na prisão e no manicômio são “light”, ou ainda, como o personagem não sofre nenhuma “bad trip” mesmo quando pára de usar drogas. Etc, etc, etc.

O filme procura ser uma mistura de Cazuza, Carandiru e Bicho de Sete Cabeças. Ou seja, já deu pra imaginar o que o filme é, né?

Já vai ter gente dizendo que o filme é uma denúncia para a classe média do perigo que são as drogas, que é um retrato sociológico de como os jovens são corrompidos por uma estrutura de poder da máfia das drogas, etc, etc, etc (vide a capa da época). Tem gente que acredita, tem gente que gosta.

Nas questões técnicas: roteiro, fotografia, montagem, arte, direção… xiiii…. Pelo menos tem o Selton Mello, ele é muito bom. Bom, é isso. Tem coisas que eu poderia falar mais, tipo “que manicômio bonitinho”, “que fotografia cleanzinha”, etc, mas fico por aqui.

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