the loneliness of the long distance runner

A solidão do corredor de fundo

De Tony Richardson

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(tive a liberdade de criar esse título porque não achei referência do título em português do filme, o original é the loneliness of the long distance runner).

 

Filme do cinema inglês (free cinema) dirigido pelo Tony Richardson, mais famoso pelo seu Tom Jones, que ele dirigiu logo após este filme. O free cinema tem filmes muito interessantes, embora sua abordagem não seja muito inventiva em relação a uma forma de se ver o cinema narrativo, e sim mais na abordagem de personagens em geral marginais, que querem se ver livres da opressão de um certo sistema. Por isso, muitas vezes os escolhidos são os jovens de classe média baixa, sem perspectivas diante de um futuro. É o caso desse pequeno filme de Tony Richardson, um bom trabalho. Não tem aquele approach dos jump cuts, grandes elipses, movimentos autônomos de câmera, etc, típicos de um cinema mais inventivo dos anos sessenta. É uma narrativa clássica, mas que trata de um olhar sobre a juventude bem interessante. É a história de um jovem que foi mandado para um reformatório (uma espécie de “prisão para jovens infratores”) e que permanece rebelde, não acreditando que o trabalho e o esporte irão lhe propiciar uma “vida melhor”, como pressupõe o regime. Só que o diretor do reformatório vê que Collin tem um talento nato para o atletismo, para a corrida de fundo, e investe nele como o principal atleta do reformatório numa competição contra uma escola local. Collin passa a ter privilégios, ser o protegido do diretor, ou seja, ele tem a perspectiva de um reconhecimento, de um futuro, uma possibilidade que ele nunca teve antes em sua vida. O filme mostra isso através de um conjunto de flashbacks, bem articulados, mas de um certo ponto de vista um tanto didáticos, justificando suas dificuldades (a morte de seu pai, etc.) que o levaram a furtar uma loja local e ser preso, mas no fundo “ele é um cara legal”. Ou seja, todas as motivações psicológicas de um cinema um tanto desgastado, mas nada que tire o encanto e o fluido narrativo do filme. Mas o mais bacana é o final, pois o filme realmente nos leva para uma expectativa crescente da corrida. Collin tem uma esperança de “ser alguém”, mas será que a sua vida realmente vai mudar pelo fato de ele ganhar a prova? Ou será que ele está apenas sendo usado pelo sistema para atingir o objetivo do diretor da instituição? O diretor aposta todas as fichas em Collin. Vem a prova. Collin larga atrás, mas ultrapassa seu principal concorrente, e está em primeiro lugar. Mas a 50 metros da linha de chagada (flashbacks intercalados com a sensação de seu cansaço físico e mental) ele simplesmente pára. Ele não quer participar disso. Ele perde a prova. Há um plano do olhar do diretor do reformatório, reconhecendo seu fracasso: o “menino rebelde” não se deixou domar, não se deixou seduzir pelos encantos do sistema, ainda que a custo de seu próprio futuro. Esse final é muito bonito: ainda que um tanto romântico, mas fecha esse pacto de Richardson e do “free cinema” inglês pela importância da rebeldia, pela independência dos marginais e pela liberdade de ser como resistência às vontades dos sistemas. Bonito simples filme.

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