O maior amor do mundo
O maior amor do mundo
De Cacá Diegues
Odeon, qui 24 ago 21hs
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Vou tentar fazer algumas considerações rápidas sobre o filme. Gostaria de falar mais sobre ele, mas isso é o que vai dar para fazer (como sempre).
O cinema do Cacá Diegues sempre foi um hiato entre o cinema autoral do cinema novo e o desejo por um cinema popular. Não estou entre os mais pessimistas quanto à validade dos seus produtos.
Esse filme tem em comum com Bye Bye Brasil um espírito de consciência do fracasso de um projeto para o Brasil.
O estilo de atuação de José Wilker é completamente chupado da não-expressão de Bill Murray nos filmes pós-Rushmore.
O maior amor do mundo é como Morangos Silvestres: um professor vem ao Brasil em busca de uma medalha que ao final ele percebe que não serve nada, mas que serve para que ele faça uma reavaliação da sua vida e chegue a conclusão de que ele a desperdiçou com coisas pouco úteis. A menina-mãe que aparece lembra o recursos do filme do Bergman.
O estrangeiro que volta ao Brasil e descobre um fracasso me lembra também O Príncipe, do Ugo Giorgetti.
Acho interessante comparamos o filme com Brasília 18%: são dois filmes de diretores veteranos que pegam um brasileiro radicado no exterior que volta para o Brasil para ter consciência de seu fracasso pessoal como espelho de um fracasso para o país. Envolvem-se com uma realidade caótica mas não conseguem nem transformá-la nem ao menos se integrar a essa realidade porque estão por demais absortos em seus pensamentos próprios, na busca da sua identidade pessoal e em memórias.
O maior amor do mundo acho que é um dos filmes mais honestos sobre o momento que vivemos hoje no Brasil. Se Deus é Brasileiro na época foi alardado como um filme sobre o espírito do novo Governo Lula, O maior amor do mundo é exatamente no espírito do fim do Governo Lula.
É um filme um tanto melancólico e triste. Mas o Cacá tenta suavizar um pouco. Aquele lixão é triste mas ao mesmo tempo tem uma certa aura acolhedora. Em torno disso há as qualidades e os problemas do filme.
Mas ao mesmo tempo é triste sim.
Achei que nos últimos 20 minutos o filme se alonga demais, perde o ritmo.
Não gostei nada do envolvimento do José Wilker com a Taís Araújo (a cena no hospital, etc.)
O filme surpreende porque mostra um desejo pelo cinema, de fazer um cinema mais humano e menor, que praticamente estava ausente dos últimos filmes anteriores do Cacá.
Como vai ser a performance de público do filme?
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