Um me chama de covarde; o outro, de corajoso. É incrível como as opiniões podem mudar, porque as pessoas são diferentes e, claro, porque existe assimetria de informação. (Uma piada boa seria que quem me chamou de corajoso não me conhece o suficiente). Ainda assim, obrigado Scucato, pelos elogios ao meu trabalho e à minha pessoa. Divido o texto com os amigos, já que agora tenho a consciência de que não só eles lêem este blog, mas tbem os "passarinhos". O Scucato colocou algo muito interessante sobre o "desnudamento", baseando-se no banho ao final do Auto-Retrato. Gostei muito disso, me fez pensar muito, pq evidentemente nessa cena há uma exposição pessoal muito grande (quem me conhece sabe bem...), mas enfim como eu gosto de dizer, "uma exposição dolorosa mas necessária". Um desnudamento não só físico mas íntimo, acima de tudo. Um cinema do desnudamento. E isso não é facil, esp nos dias de hoje qdo as pessoas precisam ser tao defensivas e tao orgulhosas para "sobreviverem".
* * *
O cinema de Ikeda interessa-me bastante. Há a presença de um questionamento sério e de um estudo que pensa o cinema, questiona sua linguagem e busca outras possibilidades. Porém dotado de um nihilismo, de uma tristeza vazia e solitária, constitui-se no retrato simples de uma poesia urbana, moderna, maquinal e sensível que somente um artista que pensa poderia tecer sobre a construção do mundo em que vivemos. Ikeda faz parte deste mundo e o lê e o sabe como poucos. Expõe, lentamente, como que esculpindo o tempo a sínquese que estamos imersos. E sustenta este esvaziamento em quase todas as suas obras.
Até em O Posto, que mesmo seguindo uma linha mais narrativa, ainda é permeado de questionamentos, de presença desta ausência.
Parece ser Ikeda um humano perdido entre máquina de roteiros pífios e um cinema bestial e comerciário que assola o que podemos chamar de cinema brasileiro.
Uma exceção. Ainda bem que ela exista. Ikeda é a diferença pela constituição e sustentação de um pensamento, de uma linha que permeia uma obra densa e pouco compreendida por aqui.
O cinema precisa de Ikeda, precisa de artistas que o pensem, que o façam mais do que um veículo de exibição própria ou de cineastas que pretendem flutuar na espuma desconceituada do que significa ser cineasta. A construção de uma linguagem, de uma identidade, de um cinema quanto arte.
Não separo arte e vida, arte e artista. Assim como Ikeda não o faz. O que pensa é o que retratado na na tela de seus curtas com uma coragem louvavél de desnudar-se diante todos. Enquanto quilos de cineastas e curta-metragistas produzem um cinema de superfície, Ikeda desce até as entranhas, da cerne da estrutura do pensamento para, pacientemente, esculpir um retrato humano do esvaziamento de nossa época.
André Scucato
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O cinema de Ikeda interessa-me bastante. Há a presença de um questionamento sério e de um estudo que pensa o cinema, questiona sua linguagem e busca outras possibilidades. Porém dotado de um nihilismo, de uma tristeza vazia e solitária, constitui-se no retrato simples de uma poesia urbana, moderna, maquinal e sensível que somente um artista que pensa poderia tecer sobre a construção do mundo em que vivemos. Ikeda faz parte deste mundo e o lê e o sabe como poucos. Expõe, lentamente, como que esculpindo o tempo a sínquese que estamos imersos. E sustenta este esvaziamento em quase todas as suas obras.
Até em O Posto, que mesmo seguindo uma linha mais narrativa, ainda é permeado de questionamentos, de presença desta ausência.
Parece ser Ikeda um humano perdido entre máquina de roteiros pífios e um cinema bestial e comerciário que assola o que podemos chamar de cinema brasileiro.
Uma exceção. Ainda bem que ela exista. Ikeda é a diferença pela constituição e sustentação de um pensamento, de uma linha que permeia uma obra densa e pouco compreendida por aqui.
O cinema precisa de Ikeda, precisa de artistas que o pensem, que o façam mais do que um veículo de exibição própria ou de cineastas que pretendem flutuar na espuma desconceituada do que significa ser cineasta. A construção de uma linguagem, de uma identidade, de um cinema quanto arte.
Não separo arte e vida, arte e artista. Assim como Ikeda não o faz. O que pensa é o que retratado na na tela de seus curtas com uma coragem louvavél de desnudar-se diante todos. Enquanto quilos de cineastas e curta-metragistas produzem um cinema de superfície, Ikeda desce até as entranhas, da cerne da estrutura do pensamento para, pacientemente, esculpir um retrato humano do esvaziamento de nossa época.
André Scucato
Comentários
Saravá, cris.