(GDV) VENTO DO LESTE
Vento do Leste
CCBB qua 24 ago 19hs
***
É difícil falar sobre Vento do Leste, mas esteticamente foi o trabalho do Grupo Dziga Vertov que mais me impressionou. A princípio me pareceu ser um filme sobre a impossibilidade de se fazer um filme. Daí que é um filme que desconstrói seu próprio ponto de partida. No início parece ser a proposta de construção de um novo cinema, ousado, radical, delirante, profundamente questionador da narrativa clássica e consciente de seu papel nesse sentido, mas sem deixar de ser onírico, transgressor, sublime, irregular. Mas lá pro meio do filme, quando ele se assume de verdade ser uma paródia de um western, o filme assume seu lado dialético: ser um outro cinema é acima de tudo não ser um certo cinema (o de Hollywood). Ou seja, o “vento do leste” só pode estar soprando para as bandas do oeste, e não do norte, do sul, etc. Ou seja, necessariamente se é contra um cinema, mais do que a favor de um cinema outro. Essa dialética então passa a ser o próprio estado das coisas: o filme passa a ser um manifesto para que o espectador perceba o filme como processo fabricado, como artifício da construção de um espetáculo. Mas essa negação não implica necessariamente a construção de um novo modelo, e o filme percebe essa mesma contradição, e estaciona por aí, com uma profunda auto-consciência da impossibilidade da revolução. Daí que a cena paradigmática do filme é (justamente) com o Glauber, diante de uma encruzilhada: o cinema revolucionário é “perigoso, divino e maravilhoso” mas ao mesmo tempo parece não levar a caminho nenhum, ou, no mínimo, a um caminho nebuloso. Essa consciência (que nos filmes de Godard já existe desde A Chinesa) faz com que o filme alcance proporções mais amplas, dado o contexto dos anos 60 em que foi feito o filme.
CCBB qua 24 ago 19hs
***
É difícil falar sobre Vento do Leste, mas esteticamente foi o trabalho do Grupo Dziga Vertov que mais me impressionou. A princípio me pareceu ser um filme sobre a impossibilidade de se fazer um filme. Daí que é um filme que desconstrói seu próprio ponto de partida. No início parece ser a proposta de construção de um novo cinema, ousado, radical, delirante, profundamente questionador da narrativa clássica e consciente de seu papel nesse sentido, mas sem deixar de ser onírico, transgressor, sublime, irregular. Mas lá pro meio do filme, quando ele se assume de verdade ser uma paródia de um western, o filme assume seu lado dialético: ser um outro cinema é acima de tudo não ser um certo cinema (o de Hollywood). Ou seja, o “vento do leste” só pode estar soprando para as bandas do oeste, e não do norte, do sul, etc. Ou seja, necessariamente se é contra um cinema, mais do que a favor de um cinema outro. Essa dialética então passa a ser o próprio estado das coisas: o filme passa a ser um manifesto para que o espectador perceba o filme como processo fabricado, como artifício da construção de um espetáculo. Mas essa negação não implica necessariamente a construção de um novo modelo, e o filme percebe essa mesma contradição, e estaciona por aí, com uma profunda auto-consciência da impossibilidade da revolução. Daí que a cena paradigmática do filme é (justamente) com o Glauber, diante de uma encruzilhada: o cinema revolucionário é “perigoso, divino e maravilhoso” mas ao mesmo tempo parece não levar a caminho nenhum, ou, no mínimo, a um caminho nebuloso. Essa consciência (que nos filmes de Godard já existe desde A Chinesa) faz com que o filme alcance proporções mais amplas, dado o contexto dos anos 60 em que foi feito o filme.
Comentários