ninguém pode saber
Revi NINGUÉM PODE SABER. Coisas que ficam na nossa cabeça.... Tipo: como o filme é simples de realização, como a edição de som é funcional e econômica, como as elipses são usadas de forma criativa para valorizar um cinema de sensações e de observação do cotidiano, como é corajoso o uso da música no final, como é um filme de raras concessões, como é um filme que não artifícios de efeitos (o flare, a fotografia simples, etc).
Duas cenas:
1) a do enterro da Yuki. Sinistro. Um contraluz muito forte no aeroporto e os dois jovens cavando, num grande esforço físico.
2) um plano síntese: o segundo plano do filme, um plano detalhe da mão do menino mais velho alisando a tampa da mala onde está Yuki. Plano síntese, pois nos lembra que a família está de mudança, para um novo lar. Quando a gente se muda, a gente joga fora o que é supérfluo, a gente só leva conosco o essencial. Nas nossas malas, há a nossa vida, há o que a gente leva de um lar. No caso do filme, o essencial é justamente a família, a possibilidade daquela família permanecer junta. O carinho do menino naquela mala, a proximidade distante (ele não está beijando a irmã, está alisando a ponta da mala), a idéia do “lar”, a estética do plano detalhe, a posição ambígua do menino (guardião da mala), o paralelismo com o final do filme quando a irmã será enterrada naquela mala (a miséria da condição humana, etc), tudo isso já está sinalizado neste plano.
- -
O filme não é uma obra-prima como eu achava. Mas ainda assim nessa revisão bateu muito forte em mim, porque vai exatamente na direção de muitas coisas que eu venho buscando no cinema e do que eu acho da vida. Principalmente a miséria da condição humana, que eu acho o tema central do filme. Acho que Kore-Eda mostra isso com muita contundência.
- “Mãe, você está sendo muito egoísta”
- “Quem está sendo egoísta é você! Então eu não tenho direito de ser feliz?”
Talvez os filhos sejam um fardo na vida daquela mãe. A mãe talvez só possa ser feliz sem os filhos. Claro, isso por uma pressão da sociedade (a mãe solteira, os filhos na escola sem um pai são maltratados, etc) mas tbem por um fator natural.
Os filhos precisam ser adultos, precisam se virar, ter vida própria. Os filhos devem obedecer a mãe.
Outra coisa estranha é a necessidade dos filhos de terem a mãe por perto, a falta que sentem dela. Como isso é compreensível mas ao mesmo tempo como é doloroso!
Como é bela a forma como Kore-Eda filma a morte de Yuki!! O paralelismo com os vasos de plantas, o sangue e o esmalte, o tom lúdico da queda da cadeira.
Muito, muito, muito mais...
Duas cenas:
1) a do enterro da Yuki. Sinistro. Um contraluz muito forte no aeroporto e os dois jovens cavando, num grande esforço físico.
2) um plano síntese: o segundo plano do filme, um plano detalhe da mão do menino mais velho alisando a tampa da mala onde está Yuki. Plano síntese, pois nos lembra que a família está de mudança, para um novo lar. Quando a gente se muda, a gente joga fora o que é supérfluo, a gente só leva conosco o essencial. Nas nossas malas, há a nossa vida, há o que a gente leva de um lar. No caso do filme, o essencial é justamente a família, a possibilidade daquela família permanecer junta. O carinho do menino naquela mala, a proximidade distante (ele não está beijando a irmã, está alisando a ponta da mala), a idéia do “lar”, a estética do plano detalhe, a posição ambígua do menino (guardião da mala), o paralelismo com o final do filme quando a irmã será enterrada naquela mala (a miséria da condição humana, etc), tudo isso já está sinalizado neste plano.
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O filme não é uma obra-prima como eu achava. Mas ainda assim nessa revisão bateu muito forte em mim, porque vai exatamente na direção de muitas coisas que eu venho buscando no cinema e do que eu acho da vida. Principalmente a miséria da condição humana, que eu acho o tema central do filme. Acho que Kore-Eda mostra isso com muita contundência.
- “Mãe, você está sendo muito egoísta”
- “Quem está sendo egoísta é você! Então eu não tenho direito de ser feliz?”
Talvez os filhos sejam um fardo na vida daquela mãe. A mãe talvez só possa ser feliz sem os filhos. Claro, isso por uma pressão da sociedade (a mãe solteira, os filhos na escola sem um pai são maltratados, etc) mas tbem por um fator natural.
Os filhos precisam ser adultos, precisam se virar, ter vida própria. Os filhos devem obedecer a mãe.
Outra coisa estranha é a necessidade dos filhos de terem a mãe por perto, a falta que sentem dela. Como isso é compreensível mas ao mesmo tempo como é doloroso!
Como é bela a forma como Kore-Eda filma a morte de Yuki!! O paralelismo com os vasos de plantas, o sangue e o esmalte, o tom lúdico da queda da cadeira.
Muito, muito, muito mais...
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