Pyaasa

Pyaasa
De Guru Dutt
MAM sab 18hs


Desse Pyaasa eu até que gostei. Passei a gostar depois de hora e meia de filme. Na estética, o que já sabemos: apanhado de lugares-comuns, filmados como um novelão americano, sem nenhuma criatividade e sem um único plano que revele algum olhar pelo cinema de linguagem. Mas lá pelo meio o roteiro começa a ficar estranho, e até a decupagem se ilumina (uma cadeira de balanço vazia, a aparição do poeta Raj no plenário com forte contra-luz e sua voz serena, etc.).

O que eu achei interessante foi o roteiro. Poeta vive para escrever, ou seja, é pobre e ridicularizado. Por engano, pensam que ele se suicidou na linha do trem. Passa a ser exaltado pela mídia que vive da grana de seus livros, agora best seller. Mas ele volta, agpora super famoso. Mas caga pra tudo isso, acha um absurdo, prefere sua vida medíocre.

Filme religioso, é incrível como o filme fala sobre a mesquinhez da condição humana, sobre como as pessoas se vendem por causa do dinheiro e do poder, como não há mais possibilidade de humanidade por causa das pressões que a sociedade faz no indivíduo por uma posição. O filme critica o uso da imagem dentro do star system, critica o materialismo dentro da indústria bollywoodiana. Isso é interessante. Fala também sobre o papel do artista no meio de tudo isso. Fala, como é típico dos filmes de Kapoor (que produziu e foi no fundo o grande mentor do filme), sobre a inevitabilidade do destino, e como os pobres são explorados pelos ricos e não conseguem ascender. Fala também sobre as hipocrisias da sociedade indiana e denuncia (brandamente) as desigualdades de classe. Essas questões fizeram que o file tivesse interesse para mim em particuçar, porque essas questões me são muito íntimas. Mas em termos de linguagem, desenvolvimento da trama e de cinema em si, o filme é muito fraco. Cinema hollywoodiano mal feito. Nesse nem teve cena de sonho ou parecida para viajar. Ah, e o que era aquele cabeleireiro?

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