Feminices
Feminices
De Domingos de Oliveira
Odeon, seg 21:30
**
Já escrevo este texto vendo o assassinato do filme pelo bonequinho do o globo. Mas enfim Feminices, assim como quase toda a filmografia de Domingos de Oliveira, não é o tipo de filme que me encanta ou que seja próximo das coisas que busco no cinema. Domingos é muito displicente, desleixado mesmo com a mise-en-scene, com o narrar, com os artifícios do cinema. Para ele, para fazer cinema basta colocar-se em frente à tela, colocar as atrizes e compor o roteiro, e é claro cinema não é só isso.
Mas por outro lado Feminices é comovente, e traz muitas lições para nós que queremos começar no cinema. É comovente esse desejo jovial desse cineasta de mais de trinta anos no cinema, de trabalhar com o vídeo, de fazer um filme na raça com as condições que têm, de não querer simplesmente reclamar. E ainda é comovente esse trabalho de enorme generosidade com as atrizes, uma pequena declaração de amor ao cinema e à vida. Metadocumentário, ensaio ficcional, teatro filmado: o cinema possível num Brasil possível. Carioca como sempre, um trabalho de continuidade com seus temas no cinema, Feminices esbanja desejo: pelo universo feminino, em fazer cinema, em ter um diálogo com um público. Metafilme no Brasil de hoje: um filme sobre um filme sendo feito, as dificuldades de se fazer um filme, a vida pessoal que se mistura no roteiro de ficção, a descontração dos ensaios, fazer um filme de e com amigos, os segredos que devem e não podem ser ditos, a questão do revelar-se. O belo encontro na piscina, a sedução e a repulsa às novelas (minisséries) da globo, a neurose, o medo de envelhecer e ser traído, o sorteio das personalidades, a câmera e a luz de Dib Lutfi. Simples, simplório, apaixonado, limitado, o filme possível: por trás de todas as suas precariedades, Feminices nos dá lições e mesmo no espectador mais carrancudo e ensimesmado (como este que escreve) ora ou outra passa uma vontade danada de que a vida da gente também fosse um pouco assim.
De Domingos de Oliveira
Odeon, seg 21:30
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Já escrevo este texto vendo o assassinato do filme pelo bonequinho do o globo. Mas enfim Feminices, assim como quase toda a filmografia de Domingos de Oliveira, não é o tipo de filme que me encanta ou que seja próximo das coisas que busco no cinema. Domingos é muito displicente, desleixado mesmo com a mise-en-scene, com o narrar, com os artifícios do cinema. Para ele, para fazer cinema basta colocar-se em frente à tela, colocar as atrizes e compor o roteiro, e é claro cinema não é só isso.
Mas por outro lado Feminices é comovente, e traz muitas lições para nós que queremos começar no cinema. É comovente esse desejo jovial desse cineasta de mais de trinta anos no cinema, de trabalhar com o vídeo, de fazer um filme na raça com as condições que têm, de não querer simplesmente reclamar. E ainda é comovente esse trabalho de enorme generosidade com as atrizes, uma pequena declaração de amor ao cinema e à vida. Metadocumentário, ensaio ficcional, teatro filmado: o cinema possível num Brasil possível. Carioca como sempre, um trabalho de continuidade com seus temas no cinema, Feminices esbanja desejo: pelo universo feminino, em fazer cinema, em ter um diálogo com um público. Metafilme no Brasil de hoje: um filme sobre um filme sendo feito, as dificuldades de se fazer um filme, a vida pessoal que se mistura no roteiro de ficção, a descontração dos ensaios, fazer um filme de e com amigos, os segredos que devem e não podem ser ditos, a questão do revelar-se. O belo encontro na piscina, a sedução e a repulsa às novelas (minisséries) da globo, a neurose, o medo de envelhecer e ser traído, o sorteio das personalidades, a câmera e a luz de Dib Lutfi. Simples, simplório, apaixonado, limitado, o filme possível: por trás de todas as suas precariedades, Feminices nos dá lições e mesmo no espectador mais carrancudo e ensimesmado (como este que escreve) ora ou outra passa uma vontade danada de que a vida da gente também fosse um pouco assim.
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