Tanko (V) - Marido de Mulher Boa
Marido de Mulher Boa
De J. B. Tanko, 1960
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Voltando aos Tankos, uma boa surpresa, este Marido de Mulher Boa, coincidentemente (ou não...) do mesmo Zé Trindade, do ótimo Mulheres à vista. A “didática do correto” de Tanko mais uma vez se aplica, com a economia e a simplicidade (às vezes sábia) de sempre, embora às vezes com um certo arroubo de artesão (esp o início, sobre os créditos, em que a câmera passeia, embora ainda discreta pelo salão e descreve o ambiente das atendentes). As trapalhadas com o resgate do tal bilhete premiado se mesclam com uma visão da sensualidade, muito presente no filme, nitidamente expressa na polaridade dúbia (e meio cafajeste...) do título do filme. As mulheres são decididas e lutam contra os homens pelo que querem, aspecto muito positivo, que eu já tinha ressaltado no depois eu conto do burle. O filme tem um timing muito acertado, diálogos em cheio, e fora do estilo careteiro que às vezes irrita na chanchada (nisso, Zé Trindade é excelente...). Ao final, me impressionou muito a cena em que a funcionária finalmente se veste de noiva, olha com desconfiança enquanto sobe a escada até chegar seu noivo. Há um entrecho, e o filme acaba com um típico final desse artesão que é o Tanko: um carro que leva o casal é seguido por um monte de crianças, correndo pelas ruas. Esse final libertário (em termos de classe social, em termos de fuga, em termos da redescoberta do espaço aberto, da externa...) me parece bem “tankiano”.
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