Tan de Repente
Estou muito triste com tudo (o trabalho, a vida, o curta), mas vou tentar escrever algo sobre Tan de Repente, aproveitando esta "onda de cinema argentino" que me assolou recentemente...
Tan de Repente
de Diego Lerman, Argentina, 2002
**
Tan de Repente poderia ser várias coisas, entre elas o road movie libertário, ou ainda um filme sobre o desejo e os preconceitos. Mas o filme é muito mais sobre as aparências, e como elas revelam uma parte de nós extremamente "resistente" e difícil de superar. O filme é bem livre em termos de linguagem, com planos longos que se cruzam com sequências curtas e sensoriais. As três meninas que se encontram nas ruas de buenos aires acabam passando por uma experiência transformadora, mas sem que se busque uma redenção, ou um discurso didático. A estrada não é caminho, nem ao certo caminho de fuga, mas de uma certa forma espelho de um desejo esguio de ser. Claro, aqui há mais psicologia que em O Pântano, busca-se uma identificação, mas o que convence em Tão de Repente é como essa "anatomia da incerteza" se converte no próprio discurso cinematográfico, em como esse tecido epidérmico das relações humanas se revela necessário e ao mesmo tempo insuficiente, e como as personagens trafegam ora inseguras ora indefesas. Cúmplices, solitárias, amigas e exorcistas, esse trio, entre o amor, a amizade e o desprezo, divide com o espectador seu desafio do acolhimento e do repúdio, suas pequenas vinganças e suas impossibilidades, com uma visão de dramaturgia que supera as meras relações de causa-e-efeito. A se notar: mais uma fuga do centro urbano para a periferia, mais um encontro com a antiga geração como sinal de fracasso ou de impossibilidade, mais uma vez a Argentina.
Ah, O Pântano e Tan de Repente, dois primeiros filmes. Alguém ainda se lembra do post sobre De Passagem?????
Tan de Repente
de Diego Lerman, Argentina, 2002
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Tan de Repente poderia ser várias coisas, entre elas o road movie libertário, ou ainda um filme sobre o desejo e os preconceitos. Mas o filme é muito mais sobre as aparências, e como elas revelam uma parte de nós extremamente "resistente" e difícil de superar. O filme é bem livre em termos de linguagem, com planos longos que se cruzam com sequências curtas e sensoriais. As três meninas que se encontram nas ruas de buenos aires acabam passando por uma experiência transformadora, mas sem que se busque uma redenção, ou um discurso didático. A estrada não é caminho, nem ao certo caminho de fuga, mas de uma certa forma espelho de um desejo esguio de ser. Claro, aqui há mais psicologia que em O Pântano, busca-se uma identificação, mas o que convence em Tão de Repente é como essa "anatomia da incerteza" se converte no próprio discurso cinematográfico, em como esse tecido epidérmico das relações humanas se revela necessário e ao mesmo tempo insuficiente, e como as personagens trafegam ora inseguras ora indefesas. Cúmplices, solitárias, amigas e exorcistas, esse trio, entre o amor, a amizade e o desprezo, divide com o espectador seu desafio do acolhimento e do repúdio, suas pequenas vinganças e suas impossibilidades, com uma visão de dramaturgia que supera as meras relações de causa-e-efeito. A se notar: mais uma fuga do centro urbano para a periferia, mais um encontro com a antiga geração como sinal de fracasso ou de impossibilidade, mais uma vez a Argentina.
Ah, O Pântano e Tan de Repente, dois primeiros filmes. Alguém ainda se lembra do post sobre De Passagem?????
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